domingo, 31 de maio de 2009

A história das coisas




Agora que você assistiu aos vídeos faça a seguinte atividade:

1-Assista aos vídeos novamente e faça um resumo no word com as principais idéias contidas no vídeo.

2-Compare essas idéias com o que você estudou sobre imperialismo e tente responder:

Existe alguma relação entre o que foi mostrado no vídeo e o imperialismo?

Que relação é essa?

Quais são elementos comuns entre o vídeo e o imperialismo dos países europeus no século XIX?

O Rio Nilo

Caros Avás,
Leiam o texto e depois respondam as perguntas. Lembrem-se de usar o material do laptop;


“A vida no Egito é o Nilo, sem o Nilo o Egito seria apenas a continuação do deserto...O Egito é o vale do Nilo, é um traço de vegetação, de vida, de frescor, através da infinita lividez do deserto....Todos os anos o Nilo cresce, sobe, alarga-se, espalha-se, possante sobre os torrões crestados pelo sol, deixa seu lodo, vivifica, trabalha, alimenta, germina, fecunda e recolhe-se ao seu leito serenamente..Ao descer da água, os trabalhos começam em todo o Baixo Egito, os campos ficam cobertos de uma terra lodosa, mole, negra(...) e quando a inundação terminou começam os campos(...)a cobrir-se de trigo, de aveia, de fava e de lentilha(...)E aquelas culturas estendem-se até o horizonte, verdes, ricas, pacíficas, claras, cintilantes de água e cobertas de sol(...)”. Eça de Queiros. O Egito, 1869

Como o autor descreve o rio Nilo neste texto?
Qual a importância do rio Nilo para a civilização egípcia?

domingo, 10 de maio de 2009

Web Gincana- Tupiniquim

Tupiniquim,
Este é link que vocês vão usar para ter acesso a web gincana:
http://www.kn.att.com/wired/fil/pages/webpasesasc.html#task
Bom trabalho

quinta-feira, 7 de maio de 2009

MAHURA, A JOVEM QUE TRABALHAVA DEMASIADO


Nesse tempo, o Céu vivia na Terra. As Nuvens, suas filhas, turbilhonavam (agitavam-se) e volteavam junto do solo, prendendo-se aos ramos das acácias. A sua filha Chuva gostava de molhar as pessoas do alto de grandes palmeiras e o seu maior prazer era juntar-se às alegres águas dos rios. A Terra e o Céu prestavam pequenos serviços um ao outro, como bons vizinhos. Por exemplo, quando a seca era prolongada, a Terra dirigia-se diretamente ao Céu, pedindo-lhe que regasse os campos e dessedentasse (matasse a sede) os animais. E o Céu enviava-lhe a Chuva...
Mas, um dia, a Terra teve uma filha, Mahura.

Tão inteligente como bela, só tinha um defeito: trabalhava demasiado. Todas as noites, à mesma hora, Mahura tirava o almofariz (recipiente em que se trituram substâncias sólidas; pilão) da cubata (choupana coberta de folhas) materna e punha-se a esmagar grãos de milho e as raízes de mandioca. E trabalhava, trabalhava, trabalhava incansavelmente. Mas o pilão era comprido, tão comprido que, cada vez que ela o erguia, ele batia dolorosamente na cabeça do Céu.

- Oh, desculpa, Céu! – escusava-se (desculpava-se) ela. – Fazes o favor de te afastar um pouco? Não tenho espaço suficiente para o meu pilão!
E o Céu, resmungando e a esfregar o alto que ela lhe fizera na testa, erguia-se um pouco.
Mahura continuava a trabalhar. Uma, duas, três pancadas de pilão! Tuc, Tuc, Tuc.
- Ah, desculpa, Céu! – exclamava a bonita jovem, continuando a sua tarefa. – Queres afastar-te um pouco mais?
E o Céu erguia-se mais um pouco, tão furioso como embaraçado (envergonhado): realmente, que se poderia fazer a uma rapariga que trabalha com tanto entusiasmo?
E Mahura continuava a esmagar os grãos. E quanto mais pilava, mais o pilão batia no Céu, que, cada noite, se afastava mais, levando com ele as engraçadas Nuvens e a Chuva, que chorava, chorava continuamente...
E todos os dias acontecia a mesma coisa. O Céu já estava desesperado! A sua testa estava cheia de nódoas (manchas) negras e altos, feitos pelo pilão de Mahura.
Um dia, o Céu decidiu acabar com aquilo. Tinha acabado de receber uma pancada que o havia aborrecido muito.

- Está decidido, vou abandoná-la. Fiquem com a vossa Terra para vocês! À fé de quem sou (por minha honra), juro que o pilão não voltará a bater-me. Adeus!
E, chamando os milhares de pequenas Nuvens e a Chuva, desolada por abandonar os rios e os charcos, o Céu subiu, subiu tão alto que a Terra ficou preocupada: iria desaparecer?
Quanto a Mahura, continuou, junto de sua mãe, a trabalhar com o almofariz e o pilão, a esmagar os grãos e as raízes de mandioca. No entanto, chegou o dia em que sentiu falta do Céu. As Nuvens cumprimentavam-na de muito longe e a Chuva já não conversava, cansada de cair de tão alto. Então Mahura pretendeu fazer-se perdoar: tirou do leito do rio uma pepita de ouro e arrancou de uma caverna um pedaço de prata. À pepita deu o nome de Sol e à prata o de Lua. Depois atirou-os muito, muito alto, com mensagens de amizade para o Céu.
Se não acreditam nesta história, levantem a cabeça numa noite de Verão: podem verificar que as estrelas, tão brilhantes no firmamento, não são mais que cicatrizes das pancadas que Mahura deu na cabeça do Céu!
Além disso, não se diz que a Lua brilha tanto como a prata e o Sol como o oiro?Mas o Céu nunca mais voltou à Terra!...

O ESCRAVO QUE SE TORNOU REI

Nesse tempo, reinava um grande rei sobre o povo bambara. Chamava-se Biton Kulibaly. O seu império era tão vasto que se dizia que cem cavalos de posta (que levam mensageiros com cartas e avisos), mudados com frequencia, não conseguiam atingir os limites. O centésimo cairia esgotado antes de chegar à fronteira.
Segundo o costume e as leis desse poderoso e exigente rei, cada família pagava um imposto anual de ouro ou prata, tecidos ou mel, dolo – que é uma bebida fermentada de milho – ou cereais.
Ora, certo ano, uma família da região de Niola não conseguiu juntar o mel necessário até a chegada dos soldados cobradores de impostos. A mulher implorou-lhe, o homem apelou para a clemência (bondade) do rei, os aldeões intercederam por eles, mas foi tudo em vão. Os rostos dos soldados mantinham-se tão gelados como o mármore dos vestíbulos do palácio real.
- Isso pouco importa! – impacientou-se o que parecia ser o chefe. – Um dos vossos filhos servirá de imposto... para dois anos! Que esperam?
Os infelizes pais iam lançar-se novamente de joelhos, quando um rapaz dos seus sete anos saiu da cubata (choupana coberta de folhas) familiar e se dirigiu para a praça. Era Ngolo Diarra, o filho mais velho. Atrás dele, abraçados, choravam os cinco irmãos mais novos. Ngolo tinha ouvido tudo.
- Estou pronto a seguir-vos – disse, erguendo o olhar para os cavalos dos soldados, que caracoleavam, impacientes.
Então, a mãe lançou um grande grito. O pai correu para agarrar o filho e houve um movimento na multidão de aldeões... mas já um soldado se inclinava na sela, erguia Ngolo e sentava-o no cavalo, à sua frente.
E antes que os aldeões se apercebessem do que se estava a passar, os soldados davam meia volta e deixavam Niola a galope, a caminho de Ségu, a capital.
Que poderiam fazer meia dúzia de pobres agricultores, desarmados e sem cavalos, contra os guerreiros do rei? Todos maldisseram a sua infeliz sorte e, aos poucos, o caso foi esquecido.
Foi assim que Ngolo, filho de Diarra, da região de Niola, se tornou escravo em Ségu-das-Balanzas.

A capital da nação bambara era uma bela cidade fortificada, na margem de um grande rio. Chamava-se Ségu-das-Balanzas, porque essas maravilhosas árvores – as balanzas – cresciam profusamente (abundantemente) em redor de toda a cidade. Havia quem afirmasse já as ter contado! Eram quatro mil quatrocentas e quarenta e quatro, no tempo do rei Biton.
O rei gostava do luxo e das festas quando permanecia no seu palácio de Ségu. Era um belo palácio de pedra encarnada (cor avermelhada da carne), guardado por aqueles a quem chamavam com terror de tondyons (chefes de guerra) armados – para atingir a câmara real. Aí, sentado sobre uma pele de leão – símbolo do seu poder -, rodeado por cinqüenta feiticeiros-conselheiros, poetas e músicos, Biton Kulibaly recebia os estrangeiros, ministrava justiça e mantinha-se ao corrente das importantes ou insignificantes notícias que corriam no seu reino.
Uma bela manhã, os nobres de Ségu apresentaram-se ricamente vestidos mas de expressão transtornada (perturbada). Depois das saudações, o mais velho veio inclinar-se em frente de Biton.
- Grande rei, os feiticeiros que consultamos falam de um grande perigo que te ameaça. Está em Ségu uma criança do sexo masculino que virá a tomar o teu trono logo que vista as três peças de roupa dos homens: os calções, o bubu (túnica longa e larga us. em alguns países africanos) e o barrete (gorro). Assim falaram os feiticeiros consultados por nós.
Sentado em cima da sua pele de leão, aquele a quem chamavam o Senhor das Águas e dos Homens não se mostrou impressionado. Agradeceu aos nobres, ofereceu-lhes de beber e os seus poetas cantaram para eles.
Mas, quando chegou a noite, Biton mandou reunir todas as crianças do sexo masculino da cidade no maior dos sete vestíbulos do palácio. Depois, pediu aos sacerdotes – homens muito poderosos – que lhe indicassem a criança que lhe queria roubar o trono.
Os sacerdotes reuniram-se em conselho durante várias horas. Entretanto, a noite passou e a madrugada já clareava o horizonte quando se apresentaram em frente do rei, perplexos e embaraçados: não conseguiam chegar a acordo sobre a resposta exata à pergunta que ele lhes fizera.
- A criança que primeiro abandonar a sala será a que procuras – afirmou um deles.
- Não! O último que abandonar o palácio é que será o tal, ó rei! – sustentou um outro.
Um terceiro explicou que os espíritos, invocados em segredo, não tinham respondido com clareza. Dir-se-ia que uma força extraordinária perturbava os augúrios (profecias).
- Essa criança, ó Biton, não é uma criança como as outras! Tem poderes misteriosos que se opõem aos teus. Não podemos fazer nada. Talvez que uma armadilha...
Biton Kulibaly impacientou-se com as respostas. Chamou os seus tondyons e deu ordem para que doravante os rapazes de Ségu dormissem no palácio. Os guerreiros iriam vigiá-los para que não pudessem fugir.
Depois, voltou-se novamente para os sacerdotes:
- E então, essa armadilha? – perguntou.
- Só tens uma coisa a fazer e ela só depende de ti, senhor – respondeu o sacerdote que falara em último lugar. – Pega em sete peças de oiro do teu tesouro. Manda derretê-las e transformá-las num anel, que esconderás dentro de um prato de comida. Depois, ofereces uma refeição a todos os rapazes... O que encontrar o anel será o que procuras!
No dia seguinte, Biton mandou preparar um arroz saboroso que foi colocado numa grande tigela de madeira, acompanhado de refrescos e frutas. Esse prato foi colocado à entrada do vestíbulo e o próprio rei veio presidir à refeição. A sua imponente estatura, os ricos bordados da túnica e o ar majestoso impressionaram os rapazes, que não compreendiam o motivo por que Biton se mostrava tão generoso com eles, depois de os ter encerrado no seu palácio.
- Mandei preparar este arroz especialmente para vocês – disse-lhes o rei. – Por isso, vinde e comei. E que nenhum se levante antes de o arroz acabar. É a maneira de me renderdes homenagem!
Assim tranqüilizadas, e cheias de fome, as crianças acotovelavam-se para se aproximarem do arroz preparado com tanto esmero. Apenas um dos cativos não tinha pressa: era Ngolo, o rapazinho de Niola.
- Não te demore, Ngolo! – gritavam os outros. – Vais ficar sem comida, se continuas aí à porta!
A criança foi interpelada por várias vezes, e por várias vezes se recusou a juntar-se aos companheiros. Finalmente, quando o prato estava quase vazio, Ngolo pegou num punhado de arroz, só um, e sentiu o anel na boca. Escondeu-o debaixo da língua, com receio que lho roubassem, e aguardou o desenrolar dos acontecimentos.
No fim da refeição, os outros rapazes encarregaram-no de agradecer ao rei. Ngolo não se fez de rogado e dirigiu-se a biton sem acanhamento algum, ele, um cativo... E o rei compreendeu que tinha à sua frente o rival que lhe fora predito.
- Qual de entre vós encontrou um objeto escondido no arroz? – perguntou, fixando Ngolo.
O rapazinho de Niola levou a mão à boca e deixou cair nela o anel.
- Será isto, ó rei?
Houve um movimento de curiosidade na assembleia. Como é que Ngolo conseguira falar, tendo o anel na boca? Por que artes mágicas ficara o anel no único punhado de arroz que coubera a Ngolo?
O rei Biton observava a criança que se mantinha respeitosamente à sua frente e não pegou no anel que Ngolo lhe estendia.
- É isso mesmo, Ngolo! Ele liberta-te da escravatura, rapaz de Niola. Já não és um cativo. Mas não o percas, Ngolo, caso contrário vou pensar que me traíste!
Ngolo passou essa noite atormentado, com receio que lhe roubassem o anel. Assim, no dia seguinte, coseu-o no interior da tanga, junto da pele, e pensou ter descoberto o melhor esconderijo.
Por seu lado, o rei inventou diversos pretextos para afastar Ngolo do palácio e, no segundo dia, reuniu os outros rapazes, invejosos de Ngolo.
- Vamos verificar se Ngolo é digno da minha confiança – disse-lhes. – Esta noite deitem-se junto dele no vestíbulo e esperem que ele esteja profundamente adormecido. Nessa altura, tirem-lhe o anel que coseu na tanga e tragam-mo.

Passaram-se várias noites. Mas, cada vez que um dos rapazes tentava tirar o anel, tocava em Ngolo, que acordava imediatamente e desancava (surrava) o ladrão.
Então, o rei inventou outro estratagema.
- Desafiem-no a ir tomar banho convosco ao rio e proponham-lhe que mergulhem, para ver quem fica mais tempo debaixo de água. Entretanto, um de vocês lançará a tanga dele nos rápidos (corredeira).
Ngolo dormiu tranqüilamente essa noite e, de manhã, julgou que terminara a sua provação. Por isso não desconfiou quando os outros rapazes o levaram até o rio.
Fazia um calor tórrido (excessivo) e a poeira do caminho, erguida pelo vento sufocante, cobria os arbustos, os homens e os animais com uma cor pardacenta. Para lá de toda esta poeira, o rio Djoliba tornava-se acolhedor com as suas pequenas cascatas e o musgo macio das margens. Os rapazes tiraram as tangas e Ngolo, esquecido da sua desconfiança, mergulhou, contente, na água aprazível (que dá prazer).
Mas enquanto à sua volta se ia fechando o círculo de crianças que riam e faziam apostas sobre quem agüentaria mais tempo debaixo de água, um dos rapazes agarrou na tanga de Ngolo e lançou-a muito longe. A tanga mergulhou logo num turbilhão de espuma. E um peixe-gato, que dormitava num buraco de um rochedo, engoliu-a imediatamente. Mas logo um enorme Lúcio se aproximou de boca aberta, engolindo o peixe-gato e a tanga.

Já o crepúsculo avermelhava o horizonte quando Ngolo e os seus companheiros saíram do rio. Mas na margem não estava a tanga nem o anel.
- Ai, que desgraça! – exclamou Ngolo desesperado. – Perdi o oiro que o rei me confiou! Biton vai imaginar que o traí...
E, enquanto os rapazes se afastavam, quer fugindo envergonhados, quer correndo para prevenir o rei, Ngolo ficou vagueando nas margens do rio.
A Lua surgira por detrás das nuvens e o infeliz rapaz ainda se lamentava da terrível perda.
Foi assim que os pescadores o descobriram, ainda a chorar. Ngolo recusou-se a responder às perguntas que lhe fizeram e refugiou-se junto das mulheres, que começavam a abrir e escamar os peixes, vindos nas redes.
Numa das redes, debatia-se ainda um enorme lúcio. Ngolo dirigiu-se às mulheres, pois acabara de ter uma ideia:
- Ei, mãezinhas, dêem-me uma faca para as ajudar a limpar os peixinhos!
Pensava que, desse modo, se os tondyons do rei o procurassem, não o descobririam no meio de tantas mulheres.
O rapaz acabara de escamar o sexto peixe quando o Lúcio lhe caiu aos pés. Já não se debatia. Então, Ngolo abriu-o e encontrou o peixe-gato ainda inteiro. Ao abri-lo, lançou um grito ao ver sua tanga e o anel de oiro do rei.
- Que te aconteceu? Que tens? – perguntavam-lhe as mulheres.
Ngolo sentou-se em cima da tanga e desatou a rir.
- Nada, nada! Encontrei um peixe-gato inteiro dentro de um Lúcio e isso é um bom presságio
Trabalhou ainda durante algum tempo com as mulheres, que lhe agradeceram a ajuda, e depois deixou-as, todo satisfeito. Encontrara o anel!

Já via ao longe as mulheres de Ségu, quando os guerreiros armados de sabres e fuzis que o rei mandara à procura dele o encontraram. O rapaz caminhava pelo carreiro (caminho estreito) poeirento que o sol começava a aquecer.
Doze cavaleiros rodearam Ngolo e doze sabres e fuzis lhe foram apontados. O cavaleiro da frente gritou:
- Ngolo Diarra, da terra de Niola, escravo e filho de pastores, o rei confiou-te um objeto, um anel de oiro que coseste na tanga. Onde está ele?
A tanga de Ngolo ainda estava úmida. O rapaz desfez o nó, pegou no anel e ergueu-o à altura da cabeça para que todos o pudessem ver.
- Será isto? – perguntou, desafiando os tondyons do rei.
- É isso mesmo.
Surpreendidos e embaraçados, os homens de armas baixaram os fuzis e embainharam os sabres. O guerreiro da frente pôs Ngolo na garupa do seu cavalo e regressaram a Ségu.
Naqueles dias que se seguiram, enquanto Biton Kulibaly se fechava na câmara real com os seus sacerdotes, feiticeiros e chefes de guerra, murmurou-se na cidade que o pequeno Ngolo Diarra estava protegido pelos deuses mais poderosos.
Durante várias luas, Biton ainda reinou sobre a nação bambara. Mas, um belo dia, foi substituído por um novo rei. O rapazinho escravo, roubado outrora aos pais, crescia em força e saber e seria a ele, Ngolo Diarra, que a nação bambara iria oferecer a pele de leão dos reis de Ségu, quando fosse homem.
E foi isso mesmo que aconteceu...

(Adaptados de Contos africanos: contos e lendas do folclore africano selecionados e adaptados por Marie Feraud; ilustrações de Akos Szabo. Lisboa: ed. Verbo, 1977)

Profa Cecília (História) e Selma Monteiro (biblioteca) – Moitará 2009

Desafio África




Havia escravidão na África antes da chegada dos europeus?


É muito comum ouvirmos falar que já existia escravidão na África antes da chegada dos europeus. Isso é verdade, realmente havia escravidão na África antes dos europeus. Mas essa escravidão era igual a escravidão feita pelos europeus?

Os povos do deserto, os bérberes, que viviam na África capturavam e vendiam escravos negros. Esses escravos eram capturados ao sul do deserto do Saara e vendidos em grandes mercados no Marrocos e no Egito.

Mas na África negra não era assim. As pessoas não eram capturadas para serem vendidas como escravos. Segundo o historiador Mário Maestri, o que havia entre os negros africanos era uma espécie de servidão familiar.

Como isso ocorria?Quando havia guerra entre os próprios africanos, os vencedores faziam prisioneiros. Os prisioneiros tinham que trabalhar gratuitamente para os vencedores por um certo período de tempo,geralmente dois anos. Mas durante o período de cativeiro o escravo tinha alguns privilégios, podendo inclusive casar com alguém do grupo dos vencedores. Quando isso ocorria, o ex-cativo se tornava membro da família para o qual tinha trabalhado. Seus filhos não poderiam ser vendidos e seus netos tinham todos os direitos de uma pessoa livre.


Com a chegada dos europeus às costas africanas a situação mudou completamente.


Os europeus ofereciam armas de fogo, pólvora e bebidas alcóolicas aos chefes africanos e em troca pediam prisioneiros de guerra para vender como escravos. Dessa maneira, os prisioneiros de guerra passaram a servir como moeda de troca para os chefes africanos e como uma mercadoria para os traficantes europeus. Você consegue perceber como os dois sistemas são diferentes?

A insegurança aumentou muito nas regiões em contato com os europeus. O grupo que tinha mais armas de fogo era também o mais forte. As armas de fogo, que antes eram desconhecidas na África, passaram a ser sinônimo de poder. Com as novas armas, os chefes africanos começaram a fazer mais guerras, com mais guerras eles obtinham mais prisioneiros e, com mais prisioneiros mais armas. Armas estimulavam mais guerras. Em poucos anos os europeus conseguiram criar um verdadeiro ciclo vicioso.

Em pouco tempo aldeias inteiras foram destruídas, após a chegada dos europeus a Àfrica enfrentou uma verdadeira catástrofe: milhões de africanos foram arrancados de sua terra e levados como escravos para a América.