tag:blogger.com,1999:blog-83656894026342622452024-03-06T17:00:34.273-03:00Memória rima com HistóriaEsse blog tem como objetivo apresentar aos estudantes textos, imagens,músicas e vídeos que irão contribuir na construção do saber histórico.Unknownnoreply@blogger.comBlogger83125tag:blogger.com,1999:blog-8365689402634262245.post-2687234376802411542012-06-25T15:01:00.000-03:002012-06-25T15:01:22.579-03:00Antigo Egito: videovideos do Egito
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<iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/AD7EAa0iQtM" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8365689402634262245.post-55994816509773727652012-05-07T17:56:00.000-03:002012-05-07T18:14:03.047-03:00República Velha: VideoAssistam ao vídeo e façam um resumo do que foi apresentado:
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<iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/75Qd7IB2hkg" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8365689402634262245.post-77930946664804260442012-04-11T18:23:00.001-03:002012-04-11T18:23:35.473-03:00Video:Grécia<iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/WzevZqG83HM" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8365689402634262245.post-52630926364509657492012-03-20T19:29:00.001-03:002012-03-20T19:33:32.786-03:00Videos Feudalismo<span ><span style="font-size: 100%;">Videos sobre o feudalismo:</span></span><div><span ><iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/21ATNLKuHyU" frameborder="0" allowfullscreen=""></iframe></span></div><br /><br /><iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/i1woQzQYUUI" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8365689402634262245.post-51155122058632687942012-03-20T18:10:00.004-03:002012-03-20T18:15:39.057-03:00Jogos dos povos sem escrita<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcRJd3fj8ZYzBolCj-mCiPNEFOF2dGQrHOpn3t7nTDnMU1DXUn-KxLGoT19Ih4tlkWDUyl6POc5lKewYdf5KTunsgdFjMPdP1SvNgmWUPz2vlbjTiKixPvUtEZwQD_S3_pqpC4Rp5mMGg/s1600/20070717klphisuni_3.Ees.SCO.png" style="font-family: Georgia, serif; font-size: 100%; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal; "><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 164px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcRJd3fj8ZYzBolCj-mCiPNEFOF2dGQrHOpn3t7nTDnMU1DXUn-KxLGoT19Ih4tlkWDUyl6POc5lKewYdf5KTunsgdFjMPdP1SvNgmWUPz2vlbjTiKixPvUtEZwQD_S3_pqpC4Rp5mMGg/s320/20070717klphisuni_3.Ees.SCO.png" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5722090611259170578" /></a><br /><span><span style="font-size: 100%;">Ajude o homem do paleolítico a sobreviver:</span></span><div><a href="http://accao.1001jogos.pt/stoneage-sam.html" title="Stoneage Sam at 1001Jogos"><img src="http://images2.1001jogos.pt/5275_big.jpg" alt="Stoneage Sam" width="200" height="123" border="0" /></a><br /><a href="http://accao.1001jogos.pt/stoneage-sam.html" title="Stoneage Sam at 1001Jogos">Stoneage Sam</a></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8365689402634262245.post-2882944490523061582011-11-21T16:58:00.001-02:002011-11-21T17:00:11.042-02:00Engenho de açúcarInfográfico do engenho.<div>Acesse o link abaixo para observar o funcionamento dos engenhos de açúcar.</div><div><a href="http://www.gameshistoricos.com/2011/01/infografico-engenho-de-acuca-brasil.html">http://www.gameshistoricos.com/2011/01/infografico-engenho-de-acuca-brasil.html</a></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8365689402634262245.post-4782870266232018832011-11-07T17:05:00.002-02:002011-11-07T17:08:43.830-02:00Video: fim da república roman<div>Assista e responda as perguntas:</div><div><br /></div><div><iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/-GvDpdFpArw" frameborder="0" allowfullscreen=""></iframe></div><div><br /></div><iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/y6wMkUZQfN8" frameborder="0" allowfullscreen=""></iframe><div><br /></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8365689402634262245.post-47912549151614032242011-09-26T17:32:00.006-03:002011-09-26T18:36:02.085-03:00Revolução Industrial: A nova divisão do trabalhoCom a invenção de novas máquinas, que eram inacessíveis aos camponeses e pequenos artesãos a produção familiar foi, aos poucos sendo superada. As fábricas de fiação se multiplicavam, mantendo um ritmo ininterrupto. No trabalho familiar, eram as mulheres e as crianças os principais trabalhadores domésticos da fiação. Os negociantes mantiveram o emprego dessa força de trabalho em suas fábricas, cuja disciplina, como esperado, era muito mais rigorosa do que a existente no sistema de fiação doméstico.<br /> Nos séculos XVIII e XIX, as formas de trabalho se transformaram radicalmente. Milhares de trabalhadores, principalmente mulheres e crianças concentravam-se em fábricas sob um regime de serviço intenso e rigoroso. Sem uma regulamentação específica, calcula-se que a jornada diária de trabalho era superior a 12 horas. Somente em 1847 apareceram regulamentações que limitavam a jornada a 10 horas. Em 1850, outra lei estipulou um horário para encerrar a atividade semanal: duas horas da tarde de sábado, com descanso no domingo- dia tradicionalmente reservado à religião.<br /> A introdução das máquinas no processo produtivo aumentou o montante dos investimentos no setor têxtil, restringindo o número de empresários com dinheiro para montar fábricas. A propriedade das máquinas concentrou-se na pessoa do industrial/ capitalista, que contratava os operários pagando salários pela jornada de trabalho.<br /> Nas fábricas, os operários atuavam somente em uma etapa da produção- uma mudança radical na forma de realizar seu trabalho. Em outras palavras, o processo produtivo nas fábricas tendia a se fragmentar: estava em curso uma nova divisão do trabalho.<br /><br />O sistema da fábrica impulsionou outras mudanças. Ampliou consideravelmente a população urbana, multiplicou o setor de serviços( comércio e alimentação). Cresceu a oferta de emprego doméstico- criadas, cozinheiras e arrumadeiras- nas casas dos novos ricos.<br /> Com o aumento da população das cidades, estas não estavam preparadas para receber tanta gente. Isso teve uma série de repercussões sociais. Os bairros pobres se multiplicavam, as ruas não tinham calçamento, o lixo ficava espalhado e o número de casas precárias aumentou. Epidemias como de cólera e tifo ficaram cada vez mais comuns.<br /><div><br /></div><div>Tendo em vista essas discussões o exercício agora é ler a reportagem abaixo sobre o trabalho escravo nos dias de hoje( o caso da Zara)</div><div><a href="http://www.reporterbrasil.org.br/exibe.php?id=1925">http://www.reporterbrasil.org.br/exibe.php?id=1925</a></div><div>depois de ler a reportagem vocês devem ler esse artigo retirado de um blog</div><div><a href="http://chiceserinteligente.com/2011/08/o-que-eu-acho-sobre-o-caso-zara/">http://chiceserinteligente.com/2011/08/o-que-eu-acho-sobre-o-caso-zara/</a></div><div>Com esse material e aquilo que discutimos em sala gostaria que cada um escrevesse um artigo sobre a sua opinião do caso Zara. Não esqueça de traçar um paralelo com o que estudamos sobre Revolução Industrial</div><div><br /></div><div> </div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8365689402634262245.post-47275297940904098492011-09-25T19:11:00.002-03:002011-09-25T19:12:01.744-03:00Link: Estado NovoO link abaixo apresenta alguns documentos sobre o Estado Novo<br />http://www.exposicoesvirtuais.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm<br />Mais tarde coloco a apresentação de slides sobre Era VargasUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8365689402634262245.post-13010576773951530932011-09-12T18:45:00.002-03:002011-09-12T18:49:55.152-03:00IndiosMais uma música para pensarmos no olhar do outro, em como superar a ideia da história dos vencedores.<br /><iframe width="420" height="345" src="http://www.youtube.com/embed/ErCDzyr2qc8" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br /><br />Letra:Indios<br /><br />Quem me dera ao menos uma vez<br />Ter de volta todo o ouro que entreguei a quem<br />Conseguiu me convencer que era prova de amizade<br />Se alguém levasse embora até o que eu não tinha.<br />Quem me dera ao menos uma vez<br />Esquecer que acreditei que era por brincadeira<br />Que se cortava sempre um pano-de-chão<br />De linho nobre e pura seda.<br />Quem me dera ao menos uma vez<br />Explicar o que ninguém consegue entender<br />Que o que aconteceu ainda está por vir<br />E o futuro não é mais como era antigamente.<br />Quem me dera ao menos uma vez<br />Provar que quem tem mais do que precisa ter<br />Quase sempre se convence que não tem o bastante<br />Fala demais por não ter nada a dizer.<br />Quem me dera ao menos uma vez<br />Que o mais simples fosse visto<br />Como o mais importante<br />Mas nos deram espelhos e vimos um mundo doente.<br />Quem me dera ao menos uma vez<br />Entender como um só Deus ao mesmo tempo é três<br />E esse mesmo Deus foi morto por vocês<br />Sua maldade, então, deixaram Deus tão triste.<br />Eu quis o perigo e até sangrei sozinho<br />Entenda<br />Assim pude trazer você de volta pra mim<br />Quando descobri que é sempre só você<br />Que me entende do início ao fim.<br />E é só você que tem a cura pro meu vício<br />De insistir nessa saudade que eu sinto<br />De tudo que eu ainda não vi.<br />Quem me dera ao menos uma vez<br />Acreditar por um instante em tudo que existe<br />E acreditar que o mundo é perfeito<br />E que todas as pessoas são felizes.<br />Quem me dera ao menos uma vez<br />Fazer com que o mundo saiba que seu nome<br />Está em tudo e mesmo assim<br />Ninguém lhe diz ao menos, obrigado.<br />Quem me dera ao menos uma vez<br />Como a mais bela tribo<br />Dos mais belos índios<br />Não ser atacado por ser inocente.<br />Eu quis o perigo e até sangrei sozinho<br />Entenda<br />Assim pude trazer você de volta pra mim<br />Quando descobri que é sempre só você<br />Que me entende do início ao fim.<br />E é só você que tem a cura pro meu vício<br />De insistir nessa saudade que eu sinto<br />De tudo que eu ainda não vi.<br />Nos deram espelhos e vimos um mundo doente<br />Tentei chorar e não conseguiUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8365689402634262245.post-72690416028754246982011-09-12T18:43:00.003-03:002011-09-12T18:45:20.825-03:00A FábricaAinda na nossa discussão sobre revolução industrial.<br /><div><br /></div><div><iframe width="420" height="345" src="http://www.youtube.com/embed/jN02gq5C150" frameborder="0" allowfullscreen=""></iframe></div><br /><br />A ideia é pegar a letra, escutar com calma e produzir um texto sobre o que estudamos e relacionar com o vídeo.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8365689402634262245.post-4270363574676485952011-08-22T15:41:00.002-03:002011-08-22T15:52:01.802-03:00A Carta de Pero Vaz de Caminha<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKP-fpqJlfh6aFhHaLVsZM8YzJnnBqFGG5j3XRD8h_tb5mnOfpRRJ-n3YJpBqkQELjSnFq8Unl47egd7Ik9eaZKaA8_1u5_Yp6GTM7Pvyo2g3K-JnV5cBfvdoRqScF6g-d1SPkn6reGms/s1600/tordesilhas.gif" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 242px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKP-fpqJlfh6aFhHaLVsZM8YzJnnBqFGG5j3XRD8h_tb5mnOfpRRJ-n3YJpBqkQELjSnFq8Unl47egd7Ik9eaZKaA8_1u5_Yp6GTM7Pvyo2g3K-JnV5cBfvdoRqScF6g-d1SPkn6reGms/s320/tordesilhas.gif" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5643754970881126562" /></a>
<br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXG9wz9ieGi9ebWAaNFaXzNOClZ5jJ3S4sF1xjTjwUQ_WSeBjg8wuV3h6I_ROLlUQsZDKqV5QJ6TI_nrrMDeJb9Oh_zwxvaqBwWq7Dj4s0bI8GBqd72fOvtYuS3sSRBPhaEwd6CH62Bpc/s1600/texto02_imagem3.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 255px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXG9wz9ieGi9ebWAaNFaXzNOClZ5jJ3S4sF1xjTjwUQ_WSeBjg8wuV3h6I_ROLlUQsZDKqV5QJ6TI_nrrMDeJb9Oh_zwxvaqBwWq7Dj4s0bI8GBqd72fOvtYuS3sSRBPhaEwd6CH62Bpc/s320/texto02_imagem3.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5643754965682587634" /></a>
<br /><span class="Apple-style-span" ><div><span class="Apple-style-span" >
<br /></span></div> <span class="Apple-style-span" style="background-color: rgb(255, 255, 255); ">Senhor:
<br />Posto que o Capitão-mor desta vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a nova do achamento desta vossa terra nova, que ora nesta navegação se achou, não deixarei também de dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que -- para o bem contar e falar -- o saiba pior que todos fazer.
<br />Tome Vossa Alteza, porém, minha ignorância por boa vontade, e creia bem por certo que, para aformosear nem afear, não porei aqui mais do que aquilo que vi e me pareceu.
<br />Da marinhagem e singraduras do caminho não darei aqui conta a Vossa Alteza, porque o não saberei fazer, e os pilotos devem ter esse cuidado. Portanto, Senhor, do que hei de falar começo e digo:
<br />A partida de Belém, como Vossa Alteza sabe, foi segunda-feira, 9 de março. Sábado, 14 do dito mês, entre as oito e nove horas, nos achamos entre as Canárias, mais perto da Grã- Canária, e ali andamos todo aquele dia em calma, à vista delas, obra de três a quatro léguas. E domingo, 22 do dito mês, às dez horas, pouco mais ou menos, houvemos vista das ilhas de Cabo Verde, ou melhor, da ilha de S. Nicolau, segundo o dito de Pero Escolar, piloto.
<br />Na noite seguinte, segunda-feira, ao amanhecer, se perdeu da frota Vasco de Ataíde com sua nau, sem haver tempo forte nem contrário para que tal acontecesse. Fez o capitão suas diligências para o achar, a uma e outra parte, mas não apareceu mais!
<br />E assim seguimos nosso caminho, por este mar, de longo, até que, terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de abril, estando da dita Ilha obra de 660 ou 670 léguas, segundo os pilotos diziam, topamos alguns sinais de terra, os quais eram muita quantidade de ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho, assim como outras a que dão o nome de rabo-de-asno. E quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam fura-buxos.
<br />Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! Primeiramente dum grande monte, mui alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos: ao monte alto o capitão pôs nome - o Monte Pascoal e à terra - a Terra da Vera Cruz.
<br />
<br />Mandou lançar o prumo. Acharam vinte e cinco braças; e ao sol posto, obra de seis léguas da terra, surgimos âncoras, em dezenove braças -- ancoragem limpa. Ali permanecemos toda aquela noite. E à quinta-feira, pela manhã, fizemos vela e seguimos
<br />em direitos à terra, indo os navios pequenos diante, por dezessete, dezesseis, quinze, catorze, treze, doze, dez e nove braças, até meia légua da terra, onde todos lançamos âncoras em frente à boca de um rio. E chegaríamos a esta ancoragem às dez
<br />horas pouco mais ou menos.
<br />Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito, segundo disseram os navios pequenos, por chegarem primeiro.
<br />Então lançamos fora os batéis e esquifes, e vieram logo todos os capitães das naus a esta nau do Capitão-mor, onde falaram entre si.
<br />E o Capitão-mor mandou em terra no batel a Nicolau Coelho para ver aquele rio. E tanto que ele começou de ir para lá, acudiram pela praia homens, quando aos dois, quando aos três, de maneira que, ao chegar o batel à boca do rio, já ali havia dezoito ou vinte homens.
<br />Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram.
<br />Ali não pôde deles haver fala, nem entendimento de proveito, por o mar quebrar na costa. Somente deu-lhes um barrete
<br />vermelho e uma carapuça de linho que levava na cabeça e um sombreiro preto. Um deles deu-lhe um sombreiro de penas de ave, compridas, com uma copazinha de penas vermelhas e pardas como de papagaio; e outro deu-lhe um ramal
<br />grande de continhas brancas, miúdas, que querem parecer de aljaveira, as quais peças creio que o Capitão manda a Vossa Alteza, e com isto se volveu às naus por ser tarde e não poder haver deles mais fala, por causa do mar.
<br />Na noite seguinte, ventou tanto sueste com chuvaceiros que fez caçar as naus, e especialmente a capitânia. E sexta pela manhã, às oito horas, pouco mais ou menos, por conselho dos pilotos, mandou o Capitão levantar âncoras e fazer vela; e fomos ao longo da costa, com os batéis e esquifes amarrados à popa na direção do norte, para ver se achávamos alguma abrigada e bom pouso, onde nos demorássemos, para tomar água e lenha. Não que nos minguasse, mas por aqui nos acertarmos.
<br />Quando fizemos vela, estariam já na praia assentados perto do rio obra de sessenta ou setenta homens que se haviam juntado ali poucos e poucos. Fomos de longo, e mandou o Capitão aos navios pequenos que seguissem mais chegados à terra e, se achassem pouso seguro para as naus, que amainassem.
<br />E, velejando nós pela costa, obra de dez léguas do sítio donde tínhamos levantado ferro, acharam os ditos navios pequenos um recife com um porto dentro, muito bom e muito seguro, com uma mui larga entrada. E meteram-se dentro e amainaram. As naus arribaram sobre eles; e um pouco antes do sol posto amainaram também, obra de uma légua do recife, e ancoraram em onze braças.
<br />E estando Afonso Lopes, nosso piloto, em um daqueles navios pequenos, por mandado do Capitão, por ser homem vivo e destro para isso, meteu-se logo no esquife a sondar o porto dentro; e tomou dois daqueles homens da terra, mancebos e de bons corpos, que estavam numa almadia. Um deles trazia um arco e seis ou sete setas; e na praia andavam muitos com seus arcos e setas; mas de nada lhes serviram. Trouxe-os logo, já de noite, ao Capitão, em cuja nau foram recebidos com muito prazer e festa.
<br />A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem-feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura. Nem estimam de cobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto. Ambos traziam os beiços de baixo furados e metidos neles seus ossos brancos e verdadeiros, de comprimento
<br />duma mão travessa, da grossura dum fuso de algodão, agudos na ponta como um furador. Metem-nos pela parte de dentro do beiço; e a parte que lhes fica entre o beiço e os dentes é feita como roque de xadrez, ali encaixado de tal sorte que não os molesta, nem os estorva no falar, no comer ou no beber.
<br />Os cabelos seus são corredios. E andavam tosquiados, de tosquia alta, mais que de sobrepente, de boa grandura e rapados até por cima das orelhas. E um deles trazia por baixo da solapa, de fonte a fonte para detrás, uma espécie de cabeleira de penas de ave amarelas, que seria do comprimento de um coto, mui basta e mui cerrada, que lhe cobria o toutiço
<br />e as orelhas. E andava pegada aos cabelos, pena e pena, com uma confeição branda como cera (mas não o era), de maneira que a cabeleira ficava mui redonda e mui basta, e mui igual, e não fazia míngua mais lavagem para a levantar.
<br />O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, bem vestido, com um colar de ouro mui grande ao pescoço, e aos pés uma alcatifa por estrado. Sancho de Tovar, Simão de Miranda, Nicolau Coelho, Aires Correia, e nós outros que aqui na nau com ele vamos, sentados no chão, pela alcatifa. Acenderam-se tochas. Entraram. Mas não fizeram
<br />sinal de cortesia, nem de falar ao Capitão nem a ninguém. Porém um deles pôs olho no colar do Capitão, e começou de acenar com a mão para a terra e depois para o colar, como que nos dizendo que ali havia ouro. Também olhou para um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e novamente para o castiçal como se lá também houvesse prata.
<br />Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como quem diz que os havia ali. Mostraram-lhes um carneiro: não fizeram caso. Mostraram-lhes uma galinha, quase tiveram medo dela: não lhe queriam pôr a mão; e depois a tomaram como que espantados.
<br />Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel e figos passados. Não quiseram comer quase nada daquilo; e, se alguma coisa provaram, logo a lançaram fora.
<br />Trouxeram-lhes vinho numa taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram nada, nem quiseram mais. Trouxeram-lhes a água em uma albarrada. Não beberam. Mal a tomaram na boca, que lavaram, e logo a lançaram fora.
<br />Viu um deles umas contas de rosário, brancas; acenou que lhas dessem, folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço. Depois tirou-as e enrolou-as no braço e acenava para a terra e de novo para as contas e para o colar do Capitão, como dizendo que dariam ouro por aquilo.
<br />Isto tomávamos nós assim por assim o desejarmos. Mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar, isto não o queríamos nós entender, porque não lho havíamos de dar. E depois tornou as contas a quem lhas dera.
<br />Então estiraram-se de costas na alcatifa, a dormir, sem buscarem maneira de cobrirem suas vergonhas, as quais não eram fanadas; e as cabeleiras delas estavam bem rapadas e feitas. O Capitão lhes mandou pôr por baixo das cabeças seus coxins; e o da cabeleira esforçava-se por não a quebrar. E lançaram-lhes um manto por cima; e eles consentiram, quedaram-se e dormiram.
<br />Ao sábado pela manhã mandou o Capitão fazer vela, e fomos demandar a entrada, a qual era mui larga e alta de seis a sete braças. Entraram todas as naus dentro; e ancoraram em cinco ou seis braças - ancoragem dentro tão grande, tão formosa e tão segura, que podem abrigar-se nela mais de duzentos navios e naus. E tanto que as naus quedaram ancoradas, todos os capitães vieram a esta nau do Capitão-mor. E daqui mandou o Capitão a Nicolau Coelho e Bartolomeu Dias que fossem em terra e levassem aqueles dois homens e os deixassem ir com seu arco e setas, e isto depois que fez dar a cada um sua camisa nova, sua carapuça vermelha e um rosário de contas brancas de osso, que eles levaram nos braços, seus cascavéis e suas campainhas. E mandou com eles, para lá ficar, um mancebo degredado, criado de D. João Telo, a que chamam Afonso Ribeiro, para lá andar com eles e saber de seu viver e maneiras. E a mim mandou que fosse com Nicolau Coelho.
<br />Fomos assim de frecha direitos à praia. Ali acudiram logo obra de duzentos homens, todos nus, e com arcos e setas nas mãos. Aqueles que nós levávamos acenaram-lhes que se afastassem e pousassem os arcos; e eles os pousaram, mas não se afastaram muito. E mal pousaram os arcos, logo saíram os que nós levávamos, e o mancebo degredado com eles. E saídos não pararam mais; nem esperavam um pelo outro, mas antes corriam a quem mais corria. E passaram um rio que por ali corre, de água doce, de muita água que lhes dava pela braga; e outros muitos com eles. E foram assim correndo, além do rio, entre umas moitas de palmas onde estavam outros. Ali pararam. Entretanto foi-se o degredado com um homem que, logo ao sair do batel, o agasalhou e o levou até lá. Mas logo tornaram a nós; e com ele vieram os outros que nós leváramos, os quais vinham já nus e sem carapuças.
<br />Então se começaram de chegar muitos. Entravam pela beira do mar para os batéis, até que mais não podiam; traziam cabaços de água, e tomavam alguns barris que nós levávamos: enchiam-nos de água e traziam-nos aos batéis. Não que eles de todos chegassem à borda do batel. Mas junto a ele, lançavam os barris que nós tomávamos; e pediam que lhes dessem alguma coisa. Levava Nicolau Coelho cascavéis e manilhas. E a uns dava um cascavel, a outros uma manilha, de maneira que com aquele engodo quase nos queriam dar a mão. Davam-nos daqueles arcos e setas por sombreiros e carapuças de linho ou
<br />por qualquer coisa que homem lhes queria dar.
<br />Dali se partiram os outros dois mancebos, que os não vimos mais.
<br />Muitos deles ou quase a maior parte dos que andavam ali traziam aqueles bicos de osso nos beiços. E alguns, que andavam sem eles, tinham os beiços furados e nos buracos uns espelhos de pau, que pareciam espelhos de borracha; outros traziam três daqueles bicos, a saber, um no meio e os dois nos cabos. Aí andavam outros, quartejados de cores, a saber, metade deles da sua própria cor, e metade de tintura preta, a modos de
<br />azulada; e outros quartejados de escaques. Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem moças e bem gentis, com cabelos muito pretos, compridos pelas espáduas, e
<br />suas vergonhas tão altas, tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as muito bem olharmos, não tínhamos nenhuma vergonha.
<br />Ali por então não houve mais fala ou entendimento com eles, por a barbaria deles ser tamanha, que se não entendia nem ouvia ninguém.
<br />
<br />Acenamos-lhes que se fossem; assim o fizeram e passaram-se além do rio. Saíram três ou quatro homens nossos dos batéis, e encheram não sei quantos barris de água que nós levávamos e tornamo-nos às naus. Mas quando assim vínhamos, acenaram-nos que tornássemos. Tornamos e eles mandaram o degredado e não quiseram que ficasse lá com eles. Este levava uma bacia pequena e duas ou três carapuças vermelhas para lá as dar ao senhor, se o lá houvesse. Não cuidaram de lhe tomar nada, antes o mandaram com tudo. Mas então Bartolomeu Dias o fez outra vez tornar, ordenando que lhes desse aquilo. E ele tornou e o deu , à vista de nós, àquele que da primeira vez agasalhara. Logo voltou e nós trouxemo-lo.
<br />
<br />Esse que o agasalhou era já de idade, e andava por louçainha todo cheio de penas, pegadas pelo corpo, que parecia asseteado como S. Sebastião. Outros traziam carapuças de penas amarelas; outros, de vermelhas; e outros de verdes. E uma daquelas moças era toda tingida, de baixo a cima daquela tintura; e certo era tão bem-feita e tão redonda, e sua vergonha (que ela não tinha) tão graciosa, que a muitas mulheres da nossa terra, vendo-lhe tais feições, fizera vergonha, por não terem a sua como ela. Nenhum deles era fanado, mas, todos assim como nós. E com isto nos tornamos e eles foram-se.
<br />À tarde saiu o Capitão-mor em seu batel com todos nós outros e com os outros capitães das naus em seus batéis a folgar pela baía, em frente da praia. Mas ninguém saiu em terra, porque o Capitão o não quis, sem embargo de ninguém nela estar. Somente saiu -- ele com todos nós -- em um ilhéu grande, que na baía está e que na baixa-mar fica mui vazio. Porém é por toda a parte cercado de água, de sorte que ninguém lá pode ir, a não ser de barco ou a nado. Ali folgou ele e todos nós outros, bem uma hora e meia. E alguns marinheiros, que ali andavam com um chinchorro, pescaram peixe miúdo, não muito. Então volvemo-nos às naus, já bem de noite.
<br />Ao domingo de Pascoela pela manhã, determinou o Capitão de ir ouvir missa e pregação naquele ilhéu. Mandou a todos os capitães que se aprestassem nos batéis e fossem com ele. E assim foi feito. Mandou naquele ilhéu armar um esperavel, e dentro dele um altar mui bem corregido. E ali com todos nós outros fez dizer missa, a qual foi dita pelo padre frei Henrique,
<br />em voz entoada, e oficiada com aquela mesma voz pelos outros padres e sacerdotes, que todos eram ali. A qual missa, segundo meu parecer, foi ouvida por todos com muito prazer e devoção.
<br />
<br />Ali era com o Capitão a bandeira de Cristo, com que saiu de Belém, a qual esteve sempre levantada, da parte do Evangelho.
<br />Acabada a missa, desvestiu-se o padre e subiu a uma cadeira alta; e nós todos lançados por essa areia. E pregou uma solene e proveitosa pregação da história do Evangelho, ao fim da qual tratou da nossa vinda e do achamento desta terra, conformando-se com o sinal da Cruz, sob cuja obediência viemos, o que foi muito a propósito e fez muita devoção.
<br />Enquanto estivemos à missa e à pregação, seria na praia outra tanta gente, pouco mais ou menos como a de ontem, com seus arcos e setas, a qual andava folgando. E olhando-nos, sentaram-se. E, depois de acabada a missa, assentados nós à pregação, levantaram-se muitos deles, tangeram corno ou buzina, e começaram a saltar e dançar um pedaço. E
<br />alguns deles se metiam em almadias -- duas ou três que aí tinham -- as quais não são feitas como as que eu já vi; somente são três traves, atadas entre si. E ali se metiam quatro ou cinco, ou esses que queriam não se afastando quase nada da terra, senão enquanto podiam tomar pé.
<br />Acabada a pregação, voltou o Capitão, com todos nós, para os batéis, com nossa bandeira alta. Embarcamos e fomos todos em direção à terra para passarmos ao longo por onde eles estavam, indo, na dianteira, por ordem do Capitão, Bartolomeu Dias em seu esquife, com um pau de uma almadia que lhes o mar levara, para lho dar; e nós todos, obra de tiro de pedra, atrás dele.
<br />
<br />Como viram o esquife de Bartolomeu Dias, chegaram-se logo todos à água, metendo-se nela até onde mais podiam. Acenaram-lhes que pousassem os arcos; e muitos deles os iam logo pôr em terra; e outros não.
<br />Andava aí um que falava muito aos outros que se afastassem, mas não que a mim me parecesse que lhe tinham acatamento ou medo. Este que os assim andava afastando trazia seu arco e setas, e andava tinto de tintura vermelha pelos peitos, espáduas, quadris, coxas e pernas até baixo, mas os vazios com a barriga e estômago eram de sua própria cor. E a tintura era assim vermelha que a água a não comia nem desfazia, antes, quando saía da água, parecia mais vermelha.
<br />Saiu um homem do esquife de Bartolomeu Dias e andava entre eles, sem implicarem nada com ele para fazer-lhe mal. Antes lhe davam cabaças de água, e acenavam aos do esquife que saíssem em terra.
<br />Com isto se volveu Bartolomeu Dias ao Capitão; e viemo-nos às naus, a comer, tangendo gaitas e trombetas, sem lhes dar mais opressão. E eles tornaram-se a assentar na praia e assim por então ficaram.
<br />Neste ilhéu, onde fomos ouvir missa e pregação, a água espraia muito, deixando muita areia e muito cascalho a descoberto. Enquanto aí estávamos, foram alguns buscar marisco e apenas acharam alguns camarões grossos e curtos, entre os quais
<br />vinha um tão grande e tão grosso, como em nenhum tempo vi tamanho. Também acharam cascas de berbigões e amêijoas, mas não toparam com nenhuma peça inteira.
<br />E tanto que comemos, vieram logo todos os capitães a esta nau, por ordem do Capitão-mor, com os quais ele se apartou, e eu na companhia. E perguntou a todos se nos parecia bem mandar a nova do achamento desta terra a Vossa Alteza pelo navio dos mantimentos, para a melhor a mandar descobrir e saber dela mais do que nós agora podíamos saber, por irmos de nossa viagem.
<br />E entre muitas falas que no caso se fizeram, foi por todos ou a maior parte dito que seria muito bem. E nisto concluíram. E tanto que a conclusão foi tomada, perguntou mais se lhes parecia bem tomar aqui por força um par destes homens para os mandar a Vossa Alteza, deixando aqui por eles outros dois destes degredados.
<br />Sobre isto acordaram que não era necessário tomar por força homens, porque era geral costume dos que assim levavam por força para alguma parte dizerem que há ali de tudo quanto lhes perguntam; e que melhor e muito melhor informação da terra dariam dois
<br />homens destes degredados que aqui deixassem, do que eles dariam se os levassem, por ser gente que ninguém entende. Nem eles tão cedo aprenderiam a falar para o saberem tão bem dizer que muito melhor estoutros o não digam, quando Vossa Alteza cá mandar.
<br />E que, portanto, não cuidassem de aqui tomar ninguém por força nem de fazer escândalo, para de todo mais os amansar e apacificar, senão somente deixar aqui os dois degredados, quando daqui partíssemos.
<br />E assim, por melhor a todos parecer, ficou determinado.
<br />Acabado isto, disse o Capitão que fôssemos nos batéis em terra e ver-se-ia bem como era o rio, e também para folgarmos.
<br />Fomos todos nos batéis em terra, armados e a bandeira conosco. Eles andavam ali na praia, à boca do rio, para onde nós íamos; e, antes que chegássemos, pelo ensino que dantes tinham, puseram todos os arcos, e acenavam que saíssemos. Mas, tanto que os batéis puseram as proas em terra, passaram-se logo todos além do rio, o qual não é mais largo que um jogo de mancal. E mal desembarcamos, alguns dos nossos passaram logo o rio, e meteram-se entre eles. Alguns aguardavam; outros afastavam-se. Era, porém, a coisa de maneira que todos andavam misturados. Eles ofereciam desses arcos com suas
<br />setas por sombreiros e carapuças de linho ou por qualquer coisa que lhes davam.
<br />Passaram além tantos dos nossos, e andavam assim misturados com eles, que eles se esquivavam e afastavam-se. E deles alguns iam-se para cima onde outros estavam.
<br />Então o Capitão fez que dois homens o tomassem ao colo, passou o rio, e fez tornar a todos.
<br />A gente que ali estava não seria mais que a costumada. E tanto que o Capitão fez tornar a todos, vieram a ele alguns daqueles, não porque o conhecessem por Senhor, pois me parece que não entendem, nem tomavam disso conhecimento, mas porque a gente nossa passava já para aquém do rio.
<br />Ali falavam e traziam muitos arcos e continhas daquelas já ditas, e resgatavam-nas por qualquer coisa, em tal maneira que os nossos trouxeram dali para as naus muitos arcos e setas e contas.
<br />Então tornou-se o Capitão aquém do rio, e logo acudiram muitos à beira dele.
<br />Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim nos corpos, como nas pernas, que, certo, pareciam bem assim.
<br />Também andavam, entre eles, quatro ou cinco mulheres moças, nuas como eles, que não pareciam mal. Entre elas andava uma com uma coxa, do joelho até o quadril, e a nádega, toda tinta daquela tintura preta; e o resto, tudo da sua própria cor. Outra trazia ambos os joelhos, com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas e com tanta inocência descobertas, que nisso não havia nenhuma vergonha.
<br />Também andava aí outra mulher moça com um menino ou menina ao colo, atado com um pano (não sei de quê) aos peitos, de modo que apenas as perninhas lhe apareciam. Mas as pernas da mãe e o resto não traziam pano algum.
<br />Depois andou o Capitão para cima ao longo do rio, que corre sempre chegado à praia. Ali esperou um velho, que trazia na mão uma pá de almadia. Falava, enquanto o Capitão esteve com ele, perante nós todos, sem nunca ninguém o entender, nem ele a nós
<br />quantas coisas que lhe demandávamos acerca de ouro, que nós desejávamos saber se na terra havia.
<br />Trazia este velho o beiço tão furado, que lhe caberia pelo furo um grande dedo polegar, e metida nele uma pedra verde, ruim, que cerrava por fora esse buraco. O Capitão lha fez tirar. E ele não sei que diabo falava e ia com ela direito ao Capitão, para lha meter na boca. Estivemos sobre isso rindo um pouco; e então enfadou-se o Capitão e deixou-o. E um dos nossos deu-lhe pela pedra um sombreiro velho, não por ela valer alguma coisa,
<br />mas por amostra. Depois houve-a o Capitão, segundo creio, para, com as outras coisas, a mandar a Vossa Alteza.
<br />Andamos por aí vendo a ribeira, a qual é de muita água e muito boa. Ao longo dela há muitas palmas, não muito altas, em que há muito bons palmitos. Colhemos e comemos deles muitos.
<br />Então tornou-se o Capitão para baixo para a boca do rio, onde havíamos desembarcado.
<br />Além do rio, andavam muitos deles dançando e folgando, uns diante dos outros, sem se tomarem pelas mãos. E faziam-no bem. Passou-se então além do rio Diogo Dias, almoxarife que foi de Sacavém, que é homem gracioso e de prazer; e levou consigo um gaiteiro nosso com sua gaita. E meteu-se com eles a dançar, tomando-os pelas mãos; e eles
<br />folgavam e riam, e andavam com ele muito bem ao som da gaita. Depois de dançarem, fez-lhes ali, andando no chão, muitas voltas ligeiras, e salto real, de que eles se espantavam e riam e folgavam muito. E conquanto com aquilo muito os segurou e afagou, tomavam logo uma esquiveza como de animais monteses, e foram-se para cima.
<br />E então o Capitão passou o rio com todos nós outros, e fomos pela praia de longo, indo os batéis, assim, rente da terra. Fomos até uma lagoa grande de água doce, que está junto com a praia, porque toda aquela ribeira do mar é apaulada por cima
<br />e sai a água por muitos lugares.
<br />E depois de passarmos o rio, foram uns sete ou oito deles andar entre os marinheiros que se recolhiam aos batéis. E levaram dali um tubarão, que Bartolomeu Dias matou, lhes levou e lançou na praia.
<br />Bastará dizer-vos que até aqui, como quer que eles um pouco se amansassem, logo duma mão para outra se esquivavam, como pardais, do cevadoiro. Homem não lhes ousa falar de rijo para não se esquivarem mais; e tudo se passa como eles querem, para os bem amansar.
<br />O Capitão ao velho, com quem falou, deu uma carapuça vermelha. E com toda a fala que entre ambos se passou e com a carapuça que lhe deu, tanto que se apartou e começou de passar o rio, foi-se logo recatando e não quis mais tornar de lá para aquém.
<br />Os outros dois, que o Capitão teve nas naus, a que deu o que já disse, nunca mais aqui apareceram - do que tiro ser gente bestial, de pouco saber e por isso tão esquiva. Porém e com tudo isso andam muito bem curados e muito limpos. E naquilo me parece ainda mais que são como aves ou alimárias monteses, às quais faz o ar melhor pena e melhor cabelo que às mansas, porque os corpos seus são tão limpos, tão gordos e tão formosos, que não
<br />pode mais ser.
<br />Isto me faz presumir que não têm casas nem moradas a que se acolham, e o ar, a que se criam, os faz tais. Nem nós ainda até agora vimos nenhuma casa ou maneira delas.
<br />Mandou o Capitão aquele degredado Afonso Ribeiro, que se fosse outra vez com eles. Ele foi e andou lá um bom pedaço, mas à tarde tornou-se, que o fizeram eles vir e não o quiseram lá consentir. E deram-lhe arcos e setas; e não lhe tomaram nenhuma coisa do seu. Antes - disse ele - que um lhe tomara umas continhas amarelas, que levava, e fugia com elas, e ele se queixou e os outros foram logo após, e lhas tomaram e tornaram-lhas a dar; e então mandaram-no vir. Disse que não vira lá entre eles senão umas choupaninhas de rama verde e de fetos muito grandes, como de Entre Douro e Minho.
<br />E assim nos tornamos às naus, já quase noite, a dormir.
<br />À segunda-feira, depois de comer, saímos todos em terra a tomar água. Ali vieram então muitos, mas não tantos como as outras vezes. Já muito poucos traziam arcos. Estiveram assim um pouco afastados de nós; e depois pouco a pouco misturaram-se conosco. Abraçavam-nos e folgavam. E alguns deles se esquivavam logo. Ali davam alguns arcos por folhas de papel e por alguma carapucinha velha ou por qualquer coisa. Em tal maneira isto se passou, que bem vinte ou trinta pessoas das nossas se foram com eles, onde outros muitos estavam com moças e mulheres. E trouxeram de lá muitos arcos e barretes de penas de aves, deles verdes e deles amarelos, dos quais, creio, o Capitão há de mandar amostra a Vossa Alteza.
<br />E, segundo diziam esses que lá foram, folgavam com eles. Neste dia os vimos mais de perto e mais à nossa vontade, por andarmos quase todos misturados. Ali, alguns andavam daquelas tinturas quartejados; outros de metades; outros de tanta feição, como em panos de armar, e todos com os beiços furados, e muitos com os ossos neles, e outros sem ossos.
<br />Alguns traziam uns ouriços verdes, de árvores, que, na cor, queriam parecer de castanheiros, embora mais pequenos. E eram cheios duns grãos vermelhos pequenos, que, esmagando-os entre os dedos, faziam tintura muito vermelha, de que eles
<br />andavam tintos. E quanto mais se molhavam, tanto mais vermelhos ficavam.
<br />Todos andam rapados até cima das orelhas; e assim as sobrancelhas e pestanas.
<br />Trazem todos as testas, de fonte a fonte, tintas da tintura preta, que parece uma fita preta, da largura de dois dedos.
<br />E o Capitão mandou aquele degredado Afonso Ribeiro e a outros dois degredados, que fossem lá andar entre eles; e assim a Diogo Dias, por ser homem ledo, com que eles folgavam. Aos degredados mandou que ficassem lá esta noite.
<br />Foram-se lá todos, e andaram entre eles. E, segundo eles diziam, foram bem uma légua e meia a uma povoação, em que haveria nove ou dez casas, as quais eram tão compridas, cada uma, como esta nau capitânia. Eram de madeira, e das ilhargas de tábuas, e cobertas de palha, de razoada altura; todas duma só peça, sem nenhum repartimento, tinham dentro muitos esteios; e, de esteio a esteio, uma rede atada pelos cabos, alta, em que dormiam. Debaixo, para se aquentarem, faziam seus fogos. E tinha cada casa duas portas pequenas, uma num cabo, e outra no outro.
<br />Diziam que em cada casa se recolhiam trinta ou quarenta pessoas, e que assim os achavam; e que lhes davam de comer daquela vianda, que eles tinham, a saber, muito inhame e outras sementes, que na terra há e eles comem. Mas, quando se fez tarde
<br />fizeram-nos logo tornar a todos e não quiseram que lá ficasse nenhum. Ainda, segundo diziam, queriam vir com eles.
<br />Resgataram lá por cascavéis e por outras coisinhas de pouco valor, que levavam, papagaios vermelhos, muito grandes e formosos, e dois verdes pequeninos e carapuças de penas verdes, e um pano de penas de muitas cores, maneira de tecido assaz formoso, segundo Vossa Alteza todas estas coisas verá, porque o Capitão vo-las há de mandar, segundo ele disse.
<br />E com isto vieram; e nós tornámo-nos às naus.
<br />À terça-feira, depois de comer, fomos em terra dar guarda de lenha e lavar roupa.
<br />Estavam na praia, quando chegamos, obra de sessenta ou setenta sem arcos e sem nada. Tanto que chegamos, vieram logo para nós, sem se esquivarem. Depois acudiram muitos, que seriam bem duzentos, todos sem arcos; e misturaram-se todos tanto conosco que alguns nos ajudavam a acarretar lenha e a meter nos batéis. E lutavam com os nossos e tomavam muito prazer.
<br />Enquanto cortávamos a lenha, faziam dois carpinteiros uma grande Cruz, dum pau, que ontem para isso se cortou.
<br />Muitos deles vinham ali estar com os carpinteiros. E creio que o faziam mais por verem a ferramenta de ferro com que a faziam, do que por verem a Cruz, porque eles não tem coisa que de ferro seja, e cortam sua madeira e paus com pedras feitas como cunhas, metidas em um pau entre duas talas, mui bem atadas e por tal maneira que andam fortes, segundo diziam os homens, que ontem a suas casas foram, porque lhas viram lá.
<br />Era já a conversação deles conosco tanta, que quase nos estorvavam no que havíamos de fazer.
<br />O Capitão mandou a dois degredados e a Diogo Dias que fossem lá à aldeia (e aoutras, se houvessem novas delas) e que, em toda a maneira, não viessem dormir às naus, ainda que eles os mandassem. E assim se foram.
<br />Enquanto andávamos nessa mata a cortar lenha, atravessavam alguns papagaios por essas árvores, deles verdes e outros pardos, grandes e pequenos, de maneira que me parece que haverá muitos nesta terra. Porém eu não veria mais que até nove ou dez. Outras aves então não vimos, somente algumas pombas-seixas, e pareceram-me bastante maiores
<br />que as de Portugal. Alguns diziam que viram rolas; eu não as vi. Mas, segundo os arvoredos são mui muitos e grandes, e de infindas maneiras, não duvido que por esse sertão haja muitas aves!
<br />Cerca da noite nos volvemos para as naus com nossa lenha.
<br />Eu creio, Senhor, que ainda não dei conta aqui a Vossa Alteza da feição de seus arcos e setas. Os arcos são pretos e compridos, as setas também compridas e os ferros delas de canas aparadas, segundo Vossa Alteza verá por alguns que - eu creio -- o Capitão a Ela há de enviar.
<br />À quarta-feira não fomos em terra, porque o Capitão andou todo o dia no navio dos mantimentos a despejá-lo e fazer levar às naus isso que cada uma podia levar. Eles acudiram à praia; muitos, segundo das naus vimos. No dizer de Sancho de Tovar, que lá foi, seriam obra de trezentos.
<br />Diogo Dias e Afonso Ribeiro, o degredado, aos quais o Capitão ontem mandou que em toda maneira lá dormissem, volveram-se, já de noite, por eles não quererem que lá ficassem. Trouxeram papagaios verdes e outras aves pretas, quase como pegas, a não ser que tinham o bico branco e os rabos curtos.
<br />Quando Sancho de Tovar se recolheu à nau, queriam vir com ele alguns, mas ele não quis senão dois mancebos dispostos e homens de prol. Mandou-os essa noite mui bem pensar e curar. Comeram toda a vianda que lhes deram; e mandou fazer-lhes cama de lençóis, segundo ele disse. Dormiram e folgaram aquela noite.
<br />E assim não houve mais este dia que para escrever seja.
<br />À quinta-feira, derradeiro de abril, comemos logo, quase pela manhã, e fomos em terra por mais lenha e água. E, em querendo o Capitão sair desta nau, chegou Sancho de Tovar com seus dois hóspedes. E por ele ainda não ter comido, puseram-lhe toalhas. Trouxeram-lhe vianda e comeu. Aos hóspedes, sentaram cada um em sua cadeira. E de tudo o que lhes deram comeram mui bem, especialmente lacão cozido, frio, e arroz.
<br />Não lhes deram vinho, por Sancho de Tovar dizer que o não bebiam bem.
<br />Acabado o comer, metemo-nos todos no batel e eles conosco. Deu um grumete a um deles uma armadura grande de porco montês, bem revolta. Tanto que a tomou, meteu-a logo no beiço, e, porque se lhe não queria segurar, deram-lhe uma pequena de cera vermelha. E ele ajeitou-lhe seu adereço detrás para ficar segura, e meteu-a no beiço, assim revolta para
<br />cima. E vinha tão contente com ela, como se tivesse uma grande jóia. E tanto que saímos em terra, foi-se logo com ela, e não apareceu mais aí.
<br />Andariam na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e de aí a pouco começaram a vir mais. E parece-me que viriam, este dia, à praia quatrocentos ou quatrocentos e cinqüenta.
<br />Traziam alguns deles arcos e setas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. Comiam conosco do que lhes dávamos. Bebiam alguns deles vinho; outros o não podiam beber. Mas parece-me, que se lho avezarem, o beberão de boa vontade.
<br />Andavam todos tão dispostos, tão bem-feitos e galantes com suas tinturas, que pareciam bem. Acarretavam dessa lenha, quanta podiam, com mui boa vontade, e levavam-na aos batéis.
<br />Andavam já mais mansos e seguros entre nós, do que nós andávamos entre eles.
<br />Foi o Capitão com alguns de nós um pedaço por este arvoredo até uma ribeira grande e de muita água que, a nosso parecer, era esta mesma, que vem ter à praia, e em que nós tomamos água.
<br />Ali ficamos um pedaço, bebendo e folgando, ao longo dela, entre esse arvoredo, que é tanto, tamanho, tão basto e de tantas prumagens, que homens as não podem contar. Há entre ele muitas palmas, de que colhemos muitos e bons palmitos.
<br />Quando saímos do batel, disse o Capitão que seria bom irmos direitos à Cruz, que estava encostada a uma árvore, junto com o rio, para se erguer amanhã, que é sexta-feira, e que nos puséssemos todos de joelhos e a beijássemos para eles verem o acatamento que lhe tínhamos. E assim fizemos. A esses dez ou doze que aí estavam, acenaram-lhe que fizessem assim, e foram logo todos beijá-la.
<br />Parece-me gente de tal inocência que, se homem os entendesse e eles a nós, seriam logo cristãos, porque eles, segundo parece, não têm, nem entendem em nenhuma crença.
<br />E portanto, se os degredados, que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a santa intenção de Vossa Alteza, se hão de fazer cristãos e crer em nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque, certo, esta gente é boa e de boa simplicidade. E imprimir-se-á ligeiramente neles qualquer cunho, que lhes quiserem dar. E pois Nosso Senhor, que lhes deu bons corpos e bons
<br />rostos, como a bons homens, por aqui nos trouxe, creio que não foi sem causa.
<br />Portanto Vossa Alteza, que tanto deseja acrescentar a santa fé católica, deve cuidar da sua salvação. E prazerá a Deus que com pouco trabalho seja assim.
<br />Eles não lavram, nem criam. Não há aqui boi, nem vaca, nem cabra, nem ovelha, nem galinha, nem qualquer outra alimária, que costumada seja ao viver dos homens. Nem comem senão desse inhame, que aqui há muito, e dessa semente e frutos, que a terra e as árvores de si lançam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios, que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos.
<br />Neste dia, enquanto ali andaram, dançaram e bailaram sempre com os nossos, ao som dum tamboril dos nossos, em maneira que são muito mais nossos amigos que nós seus.
<br />Se lhes homem acenava se queriam vir às naus, faziam-se logo prestes para isso,
<br />em tal maneira que, se a gente todos quisera convidar, todos vieram. Porém não trouxemos esta noite às naus, senão quatro ou cinco, a saber: o Capitão-mor, dois; e Simão de Miranda, um, que trazia já por pajem; e Aires Gomes, outro, também por pajem.
<br />Um dos que o Capitão trouxe era um dos hóspedes, que lhe trouxeram da primeira vez, quando aqui chegamos, o qual veio hoje aqui, vestido na sua camisa, e com ele um seu irmão; e foram esta noite mui bem agasalhados, assim de vianda, como de cama, de colchões e lençóis, para os mais amansar.
<br />E hoje, que é sexta-feira, primeiro dia de maio, pela manhã, saímos em terra, com nossa bandeira; e fomos desembarcar acima do rio contra o sul, onde nos pareceu que seria melhor chantar a Cruz, para melhor ser vista. Ali assinalou o Capitão o lugar, onde fizessem a cova para a chantar.
<br />Enquanto a ficaram fazendo, ele com todos nós outros fomos pela Cruz abaixo
<br />do rio, onde ela estava. Dali a trouxemos com esses religiosos e sacerdotes diante cantando, em maneira de procissão.
<br />Eram já aí alguns deles, obra de setenta ou oitenta; e, quando nos viram assim vir, alguns se foram meter debaixo dela, para nos ajudar. Passamos o rio, ao longo da praia e fomo-la pôr onde havia de ficar, que será do rio obra de dois tiros de besta. Andando-se ali nisto, vieram bem cento e cinqüenta ou mais.
<br />Chantada a Cruz, com as armas e a divisa de Vossa Alteza, que primeiramente lhe pregaram, armaram altar ao pé dela. Ali disse missa o padre frei Henrique, a qual foi cantada e oficiada por esses já ditos. Ali estiveram conosco a ela obra de cinqüenta ou sessenta deles, assentados todos de joelhos, assim como nós.
<br />E quando veio ao Evangelho, que nos erguemos todos em pé, com as mãos levantadas, eles se levantaram conosco e alçaram as mãos, ficando assim, até ser acabado; e então tornaram-se a assentar como nós. E quando levantaram a Deus, que nos pusemos de joelhos, eles se puseram assim todos, como nós estávamos com as mãos levantadas, e em tal maneira sossegados, que, certifico a Vossa Alteza, nos fez muita devoção.
<br />Estiveram assim conosco até acabada a comunhão, depois da qual comungaram esses religiosos e sacerdotes e o Capitão com alguns de nós outros.
<br />Alguns deles, por o sol ser grande, quando estávamos comungando, levantaram-se, e outros estiveram e ficaram. Um deles, homem de cinqüenta ou cinqüenta e cinco anos, continuou ali com aqueles que ficaram. Esse, estando nós assim, ajuntava estes, que ali ficaram, e ainda chamava outros. E andando assim entre eles falando, lhes acenou com o dedo para o altar e depois apontou o dedo para o Céu, como se lhes dissesse
<br />alguma coisa de bem; e nós assim o tomamos.
<br />Acabada a missa, tirou o padre a vestimenta de cima e ficou em alva; e assim se subiu junto com altar, em uma cadeira. Ali nos pregou do Evangelho e dos Apóstolos, cujo dia hoje é, tratando, ao fim da pregação, deste vosso prosseguimento tão santo e virtuoso, o que nos aumentou a devoção.
<br />Esses, que à pregação sempre estiveram, quedaram-se como nós olhando para ele. E aquele, que digo, chamava alguns que viessem para ali. Alguns vinham e outros iam-se. E, acabada a pregação, como Nicolau Coelho trouxesse muitas cruzes de estanho com
<br />crucifixos, que lhe ficaram ainda da outra vinda, houveram por bem que se lançasse a cada um a sua ao pescoço. Pelo que o padre frei Henrique se assentou ao pé da Cruz e ali, a um por um, lançava a sua atada em um fio ao pescoço, fazendo-lha primeiro beijar e alevantar as mãos. Vinham a isso muitos; e lançaram-nas todas, que seriam obra de quarenta ou cinqüenta.
<br />Isto acabado - era já bem uma hora depois do meio-dia - viemos às naus a comer, trazendo o Capitão consigo aquele mesmo que fez aos outros aquela mostrança para o altar e para o Céu e um seu irmão com ele. Fez-lhe muita honra e deu-lhe uma camisa mourisca e ao outro uma camisa destoutras.
<br />E, segundo que a mim e a todos pareceu, esta gente não lhes falece outra coisa para ser toda cristã, senão entender-nos, porque assim tomavam aquilo que nos viam fazer, como nós mesmos, por onde nos pareceu a todos que nenhuma idolatria, nem adoração têm. E bem creio que, se Vossa Alteza aqui mandar quem entre eles mais devagar ande, que
<br />todos serão tornados ao desejo de Vossa Alteza. E por isso, se alguém vier, não deixe logo de vir clérigo para os batizar, porque já então terão mais conhecimento de nossa fé, pelos dois degredados, que aqui entre eles ficam, os quais, ambos, hoje também comungaram.
<br />Entre todos estes que hoje vieram, não veio mais que uma mulher moça, a qual esteve sempre à missa e a quem deram um pano com que se cobrisse. Puseram-lho a redor de si. Porém, ao assentar, não fazia grande memória de o estender bem, para se cobrir. Assim, Senhor, a inocência desta gente é tal, que a de Adão não seria maior, quanto a vergonha.
<br />Ora veja Vossa Alteza se quem em tal inocência vive se converterá ou não, ensinando-lhes o que pertence à sua salvação.
<br />Acabado isto, fomos assim perante eles beijar a Cruz, despedimo-nos e viemos comer.
<br />Creio, Senhor, que com estes dois degredados ficam mais dois grumetes, que esta noite se saíram desta nau no esquife, fugidos para terra. Não vieram mais. E cremos que ficarão aqui, porque de manhã, prazendo a Deus, fazemos daqui nossa partida.
<br />Esta terra, Senhor, me parece que da ponta que mais contra o sul vimos até à outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar, nalgumas partes, grandes barreiras, delas vermelhas, delas brancas; e a terra por cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta, é toda praia parma, muito chã e muito formosa.
<br />Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa.
<br />Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados como os de Entre Douro e Minho, porque neste tempo de agora os
<br />achávamos como os de lá.
<br />Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.
<br />Porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.
<br />E que aí não houvesse mais que ter aqui esta pousada para esta navegação de Calecute, bastaria. Quando mais disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa santa fé.
<br />E nesta maneira, Senhor, dou aqui a Vossa Alteza do que nesta vossa terra vi. E, se algum pouco me alonguei, Ela me perdoe, que o desejo que tinha, de Vos tudo dizer, mo fez assim pôr pelo miúdo.
<br />E pois que, Senhor, é certo que, assim neste cargo que levo, como em outra qualquer coisa que de vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro - o que dáEla receberei em muita mercê.
<br />Beijo as mãos de Vossa Alteza.
<br />Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500.
<br />
<br />Pero Vaz de Caminha</span></span><div><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial; font-size: 12px; background-color: rgb(255, 255, 255); ">
<br /></span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8365689402634262245.post-6965386961126455052011-08-18T09:21:00.003-03:002011-08-18T09:26:28.147-03:00Videos: NazismoGalera, continuando nossa discussão sobre o nazismo posto agora três videos sobre o assunto.<div>O objetivo é assistir e anotar o que mais chamou a atenção. </div><div>Dica: Lembrem da nossa conversa sobre a construção dos mitos</div><div>
<br /></div><div><iframe width="420" height="345" src="http://www.youtube.com/embed/of4tkdJcEwo" frameborder="0" allowfullscreen=""></iframe></div><div>
<br /></div><div><iframe width="420" height="345" src="http://www.youtube.com/embed/szvTWxXPqi4" frameborder="0" allowfullscreen=""></iframe></div><div>
<br /></div><div>
<br /></div><div>
<br /></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8365689402634262245.post-37342158544463878722011-08-15T16:17:00.002-03:002011-08-15T16:55:28.358-03:00Videos: Os espartanosConforme o prometido segue o vídeo sobre os 300 de Esparta. Atenção pois esse video é do History Channel.<div><iframe width="560" height="349" src="http://www.youtube.com/embed/SR73hOCsXvQ" frameborder="0" allowfullscreen=""></iframe></div><div>
<br /></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8365689402634262245.post-57506008665639151892010-09-21T10:01:00.003-03:002010-09-21T10:15:11.429-03:00Vídeos: D João no BrasilVídeos produzidos pelo canal futura, baseados na história em quadrinhos produzidas pela historiadora Lilia Moriz Schwarcz<br /><br /><p><object height="364" width="445"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/CspWcEryswo?fs=1&hl=pt_BR&rel=0&color1=0xe1600f&color2=0xfebd01&border=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/CspWcEryswo?fs=1&hl=pt_BR&rel=0&color1=0xe1600f&color2=0xfebd01&border=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="445" height="364"></embed></object><br /><br /><object height="364" width="445"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/w-BLqvhYPGk?fs=1&hl=pt_BR&rel=0&color1=0xe1600f&color2=0xfebd01&border=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/w-BLqvhYPGk?fs=1&hl=pt_BR&rel=0&color1=0xe1600f&color2=0xfebd01&border=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="445" height="364"></embed></object></p><p> </p>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8365689402634262245.post-47450014685943571952010-08-22T12:30:00.003-03:002010-08-22T12:38:00.123-03:00Ajuda na pesquisa do guia de viagemMeninos,<br />Seguem alguns links que vão ajudar nas suas pesquisas:<br /><br />Sobre a <a href="http://historianovest.blogspot.com/2010/02/o-segredo-da-maquiagem-do-egito.html">maquiagem no Antigo Egito</a><br />Sobre a<a href="http://historianovest.blogspot.com/2010/02/egito-religiao-popular.html"> religião</a><br />Sobre <a href="http://historianovest.blogspot.com/2010/05/escrevendo-em-hieroglifos.html">a escrita</a><br />Sobre <a href="http://historianovest.blogspot.com/2010/01/formacao-do-egito-faraonico.html">política</a>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8365689402634262245.post-35040055717223766932010-08-03T16:55:00.003-03:002010-08-03T17:03:54.046-03:00Revolução Francesa(1789-1815)<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJ4k9f0HBRgYaKJGwknUA8wexwNdmoX80Uqw2G8PCtcqMi8VLWI1Aeh7y4afHI1LW08uib5fbqzFD51xquwPAJdLd6oIPHCbbLwZ2fLmYFuLr_YwakwruxKJIWUFnqwoEBSNstpSAxOlc/s1600/3+estados.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5501276041949966754" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 164px; CURSOR: hand; HEIGHT: 133px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJ4k9f0HBRgYaKJGwknUA8wexwNdmoX80Uqw2G8PCtcqMi8VLWI1Aeh7y4afHI1LW08uib5fbqzFD51xquwPAJdLd6oIPHCbbLwZ2fLmYFuLr_YwakwruxKJIWUFnqwoEBSNstpSAxOlc/s320/3+estados.jpg" border="0" /></a> (charge representando os três Estados)<br /><br />A Revolução Francesa inaugurou o mundo contemporâneo, as grandes questões que o mundo discute hoje, a maneira de compreendê-las e tentar resolvê-las foi fruto desta revolução. Após a revolução surge um novo modelo de sociedade, com igualdade jurídica e governante submetidos às leis da Constituição, separação dos três poderes e caminho livre para o desenvolvimento do capitalismo e da indústria.<br /><br />Essa Revolução não se limitou ao território francês, ela afetou todo o mundo ocidental, da Europa às Américas.Dos alfaiates baianos, aos estudantes alemães, o ideal revolucionário se espalhou pela Europa.<br /><br />O Antigo Regime :<br />Em 1789 a França ainda era um país rural, havia 23 milhões de camponeses em um país com 26 milhões de habitantes. Os tributos feudais eram altos para os camponeses e pequenos proprietários, além disso, os camponeses ainda tinham que pagar o dízimo da Igreja. 4/5 de tudo que os camponeses produziam eram perdidos no pagamento de impostos. Os camponeses levavam uma vida de miséria, que parecia ainda mais acentuada, quando comparada ao luxo em que viviam os nobres.<br />A fome ainda era mais grave nas cidades, os trabalhadores urbanos, os sans-culotte que eram operários, artesão e donos de pequenas oficinas sofriam ainda mais que os do campo, o pão base da alimentação se tornou caro, quando faltava pão faltava comida e o povo passava fome.<br /><br />Além disso, havia ainda os privilégios concedidos pelo rei a alguns burgueses que obtinham o monopólio de certos produtos. Livres da concorrência seus lucros eram cada vez maiores.As camadas da pequena burguesia, os profissionais liberais, como os advogados, médicos e professores queriam que os principais cargos públicos fossem ocupados por pessoas com mérito pessoal ao invés de serem reservados para os nobres.<br /><br />Em 1786 a França assinou com a Inglaterra o tratado de Eden onde os dois países concordavam em reduzir as taxas alfandegárias sobre o comercio entre eles. Mas neste momento a Inglaterra estava no auge da Revolução Industrial e seus produtos eram muito melhores e muito mais baratos que os franceses, o que prejudicava as pequenas industrias francesas que não tinham como competir com os produtos ingleses.<br /><br />Os burgueses chegaram à conclusão que precisavam ter o direito de intervir nas decisões do governo. Mas isso não poderia ocorrer com o governo absolutista.<br /><br />Neste momento a sociedade francesa era organizada de maneira estamental, ou seja, dividida em estados. Isso significa que as leis e os direitos não eram os mesmos para todos.<br /><br />Ela se organizava da seguinte maneira:<br /><br />Primeiro Estado - era composto pelo clero. O alto clero, bispos, arcebispos e cardeais, vivam em palácios e seus membros vinham da nobreza.<br />O Segundo Estado - era formado pela nobreza, os principais cargos do Estado eram reservados para a nobreza, além disso, eles não pagavam impostos.<br />O Terceiro Estado - englobava o resto da sociedade, plebeus, burgueses, intelectuais, profissionais liberais e sans-culottes. Eram eles que pagavam todos os impostos que garantiam os luxos e privilégios do primeiro e o do segundo Estado;<br /><br /><br />A Crise Financeira e a Assembléia dos Estados Gerais:<br /><br />Em 1788, os cofres franceses estavam vazios, o governo gastava muito mais do que arrecadava.Para manter os exércitos e a administração o governo pedia cada vez mais dinheiro emprestado. O novo ministro das fianças, um banqueiro, concluiu que para solucionar o problema os nobres teriam que pagar impostos. O ministro foi demitido, mas mesmo assim o rei criou impostos para a nobreza. Esta reagiu fortemente e se recusou a pagar os novos impostos.<br /><br />Para tentar solucionar o problema o rei convocou em 1789 a Assembléia dos Estados Gerais onde deputados, representantes dos três Estados deveriam discutir a solução para a questão financeira do país. Porém eles não poderiam discutir assuntos políticos.<br /><br />A solução proposta pelo terceiro estado era a de que o clero e a nobreza passassem a pagar impostos. Essa proposta foi negada pelo primeiro e segundo estados. Isso fez com que os representantes do terceiro Estado se declarassem em Assembléia Nacional e declararem que iriam fazer uma Constituição para a França.<br /><br />Essa atitude desafiava o poder do rei, que ordenou que o prédio da Assembléia Constituinte fosse cercado. O deputado Mirabeau foi ao encontro dos soldados e declarou: “Diga ao rei que estamos aqui representando o povo, e só seremos desalojados com a força das armas”.No dia 14 de julho de 1789, data oficial do inicio da Revolução, milhares de pessoas, incluindo mulheres e crianças invadiram os arsenais reais tomaram às armas. Eles invadiram e destruíram a Bastilha, antiga prisão e símbolo da opressão do Antigo Regime.<br /><br />A Era das Instituições (1789-1792)<br />Em 26 de agosto de 1789, a assembléia Constituinte aprovou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, baseada nas idéias iluministas ela declarava: “ que todos os homens nascem livres e iguais em direitos e que a única fonte de poder é o próprio povo.”Nesta declaração encontramos os seguintes direitos: ninguém pode ser escravo,a lei tem que ser a mesma para todos, a justiça tem que ser gratuita, ninguém pode ser torturado, os acusados tem direito a um advogado, todos os cidadãos que tiverem capacidade podem ocupar cargos no governo, o governo só pode tomar decisões que estiverem de acordo com a vontade de todos.<br /><br />Em 1791 foi promulgada a Constituição que tornava a França uma monarquia constitucional. O rei ainda era Luis XVI, mas agora ele tinha que obedecer às leis.<br /><br />No campo, os trabalhadores famintos resolveram acabar com os privilégios feudais por conta própria, invadiram propriedades, destruíram castelos e mataram famílias nobres. Apavorados com as notícias que chegavam do campo os deputados aboliram em uma única noite todos os privilégios feudais. Foi a chamada “Noite do Grande Medo” em 4 de agosto de 1789.<br /><br />Para resolver o problema financeiro os deputados passaram a cobrar impostos do primeiro e do segundo estados e confiscaram todos os bens do clero.<br /><br />A revolução, porém estava apenas no principio, neste momento quem se beneficiava dos novos direitos eram os membros da alta burguesia. Os camponeses e os sans-culottes ficavam excluídos do poder e não se beneficiavam com as mudanças. Estes foram apoiados por alguns dos deputados mais radicais, dentre eles estava Robespierre, um advogado defensor do voto das mulheres e do fim da escravidão nas colônias. Ele estava disposto a aprofundar ainda mais a revolução.<br /><br />A Intervenção Estrangeira :<br />Os países vizinhos à França começaram a se preocupar com a ampliação da Revolução, e se a luta contra o absolutismo se espalhasse pela Europa? Os governos da Prússia e da Áustria uniram forças contra os revolucionários franceses. Os exércitos revolucionários tiveram muitas derrotas, e havia suspeitas de traição dentro da França. O principal suspeito era o próprio rei Luís XVI. Confirmadas as suspeitas o rei tentou fugir do país, mas foi pego ao tentar atravessar a fronteira. A população ficou enfurecia e invadiu o palácio onde foram travados violentos combates que culminaram com a prisão do rei e da família real.<br /><br />A tropa revolucionaria atacou também as tropas estrangeiras e acabou por derrotá-las. Em 1792 na Batalha de Valmy Paris foi salva da intervenção estrangeira.<br /><br />A Era das Antecipações (1792-1794) :<br /><br />Com o rei preso foi proclamada a república e o governo passou a ser exercido pela Convenção Nacional, uma espécie de Parlamento, que era escolhido pelo voto universal masculino. Agora os sans-culottes podiam votar! O congresso ficou dividido em três grupos políticos principais, foram eles:<br /><br /><strong>Os girondinos</strong> – sentavam-se do lado direito da Convenção e representavam a alta burguesia. Embora favoráveis a revolução e ao fim do Antigo Regime queriam moderação pois temiam que a radicalização política e as agitações populares prejudicassem os negócios.<br /><strong>O pântano ou planície</strong> - eram os deputados que se sentava nas cadeiras do meio, indefinidos politicamente costumavam votar junto com o lado mais forte da Assembléia.<br /><strong>Os jacobinos ou montanhas</strong> - se sentavam no lado esquerdo, eram formados por advogados, pequenos empresários, jornalistas, professores, médicos e homens do povo. Entre eles estavam os nomes mais célebres da revolução: Danton, Marat, Saint-Just e o líder Robespierre.<br /><br />No entanto, a intervenção estrangeira era cada vez mais forte Portugal, Espanha, Áustria, Prússia, Rússia e outros países formaram um enorme exercito com o objetivo de destruir a revolução.Além disso, esse exército contava ainda com o apoio da Inglaterra, que queria impedir que surgisse uma França burguesa que se tornaria uma concorrente dos produtos ingleses.<br /><br />Dentro da França estourou uma revolução camponesa na região da Vendéia, que era uma área pobre que ainda não tinha se beneficiado com a Revolução, na verdade as guerras aumentaram ainda mais as dificuldades econômicas da região. Estes camponeses passaram a exigir a volta do Antigo Regime.<br /><br />No Parlamento, o rei Luis XVI foi julgado e acusado de traição suprema e foi condenado a morte na guilhotina. Os girondinos foram contra essa sentença.<br /><br />Esses problemas agravaram ainda mais a oposição dentro da Convenção e os jacobinos passaram a acusar os girondinos de bloquearem a revolução. Os sans-culotte invadiram o prédio da convenção e prenderam os deputados girondinos. A revolução entrou em uma nova fase.<br /><br />Ditadura Jacobina :<br /><br />No poder os jacobinos criaram a Lei do Máximo, que congelava o preço das mercadorias e garantia que a população pobre tivesse uma garantia mínima de poder de compra. Estabeleceram ainda a Constituição do Ano I que garantia o sufrágio universal, isto é o direito de voto para todos os franceses maiores de 21, exceto as mulheres, e assegurava as liberdades individuais. As terras comunais foram distribuídas aos camponeses assim como as propriedades dos nobres que fugiram do país com a revolução. Essa medida fez com que milhões de camponeses passassem a apoiar o novo governo.<br /><br />Eles também decretaram o fim da escravidão nas colônias francesas e criaram escolas primárias públicas, o ensino público era igual para todos e desvinculado da igreja.<br /><br />Apesar de tudo a ameaça de um contra-revolução era cada vez mais forte.As tropas inimigas avançavam sem parar, espiões sabotavam as fábricas de armas e navios, grandes mercadores ganhavam dinheiro especulando com a falta de produtos básicos e vendiam mais caro no mercado negro.<br /><br />Para defender a Revolução os jacobinos instauraram o Comitê de Salvação Publica, que liderado por Robespierre, assumiu a liderança da França.O Tribunal Revolucionário dedicava-se a punir e perseguir os inimigos do regime. Começava a política de repressão que recebeu o nome de Terror. Milhares de pessoas suspeitas foram presas e guilhotinadas.<br /><br />Enquanto, isso o exército jacobino conseguiu derrotar os invasores, isso porque o exercito francês era formado de camponeses e sans-culottes que lutavam pela defesa de seus direitos. Porém quando os jacobinos começaram a discordar entre si eles se enfraqueceram, até mesmo lideres jacobinos passaram a ser caçados. Quando Danton propôs que a Revolução acabasse com o Terror ele foi condenado a guilhotina.<br /><br />Robespierre foi aos poucos perdendo os aliados e se isolando politicamente, e acabou atraindo a raiva do grupo do Pântano. Doente e sem pode comparecer Convenção Robespierre e seus aliados foram presos e guilhotinados.<br /><br />A grande burguesia reassumia o controle da Revolução.<br /><br />A Era das Consolidações (1794-1799)<br /><br />A Convenção estava dominada pelos políticos do Pântano, que reprimiram duramente os jacobinos. O Governo passou a ser exercido por um Diretório com cinco diretores eleitos pelo poder legislativo.<br /><br />O Diretório era muito fraco, ele enfrentava a ameaça de um golpe de extrema direita que queria a volta do poder absolutista e de outro lado havia os jacobinos que queriam voltar ao poder. Para piorar a situação o Diretório aboliu a Lei do Máximo e os preços dispararam. Choviam denuncias de abusos e corrupção.<br /><br />Os burgueses queriam que essas complicações da revolução acabassem logo, pois eles estavam perdendo dinheiro. Para isso era preciso um grande líder, um ditador, uma figura forte que fosse capaz de resolver os problemas e que estivesse acima dos partidos políticos, um verdadeiro herói. Esse herói já existia na medida certa: Napoleão Bonaparte.<br /><br /><br />Napoleão Bonaparte<br /><br />A França continuava ser atacada pelos vizinhos europeus, todos os militares eram necessários e a guerra oferecia excelentes oportunidades para jovens de talento.<br /><br />Foi o que aconteceu com o jovem Napoleão Bonaparte que aos 24 anos de idade era um dos capitães na cidade de Toulon que estava cercada pelos ingleses. A batalha estava praticamente perdida quando Bonaparte ordenou uma nova disposição da artilharia, nenhum manual militar falava sobre aquilo, foi uma estratégia inteiramente nova que garantiu a vitória aos franceses.<br /><br />Foram vitórias atrás de vitórias, ele era um estrategista brilhante, um verdadeiro herói que era aclamado nas ruas de Paris. Para a burguesia Bonaparte era a figura perfeita para um novo governante. Após um acordo político ele em uma ação eficaz organizou um golpe e destituiu o Diretório. Foi o golpe do 18 do Brumário de 1799, tinha inicio a ditadura napoleônica.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8365689402634262245.post-26293836598747973282010-06-27T16:57:00.004-03:002010-09-07T16:34:05.757-03:00Independência das 13 Colônias<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaylIzv35JRrJDg6jAsmRHiojPhENyxJY-z2YgfVL_dEDJWy3o8lzeCeica1D-OBbysJ86-dvujs9izxLIzKY79pHpgHG9FOKWwj4AqbIOLANLPmN6cxQV_txFCZRJhIL3So6Ak62vQdQ/s1600/img001.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5487545274862815986" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 226px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaylIzv35JRrJDg6jAsmRHiojPhENyxJY-z2YgfVL_dEDJWy3o8lzeCeica1D-OBbysJ86-dvujs9izxLIzKY79pHpgHG9FOKWwj4AqbIOLANLPmN6cxQV_txFCZRJhIL3So6Ak62vQdQ/s320/img001.jpg" border="0" /></a> Imagem via: Explorações e Impérios, Atlas Ilustrado.<br /><br />Para ajudar no resumo sobre independência das 13 Colônias você pode <a href="http://memoriarimacomhistoria.blogspot.com/2009/09/resumoindependencia-da-america-do-norte.html">ler esse material</a>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8365689402634262245.post-55773065726322894662010-06-27T11:31:00.004-03:002010-08-03T17:54:15.430-03:00Video: transformações na Idade MédiaEsse vídeo vai servir de referência para o trabalho sobre as transformações na Idade Média.<br /><object height="344" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/xVyzbC3opt0&hl=pt_BR&fs=1&rel=0&color1=0x2b405b&color2=0x6b8ab6"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/xVyzbC3opt0&hl=pt_BR&fs=1&rel=0&color1=0x2b405b&color2=0x6b8ab6" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><br /><br /><object height="405" width="500"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/u8WC7RGFiUc&hl=pt_BR&fs=1?rel=0&border=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/u8WC7RGFiUc&hl=pt_BR&fs=1?rel=0&border=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="500" height="405"></embed></object>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8365689402634262245.post-85896099315357737092010-06-25T11:42:00.003-03:002010-06-25T11:45:04.284-03:00Links: Imperialismo e Primeira GuerraPara ajudar nos estudos: <a href="http://www.culturabrasil.org/neocolonialismo.htm">Imperialismo</a> e <a href="http://www.culturabrasil.org/primeiraguerramundial.htm">Primeira Guerra</a>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8365689402634262245.post-24198921190617828112010-06-25T10:23:00.006-03:002010-06-25T11:10:52.300-03:00Organizando informações: uma ajuda para a monografiaUm dos objetivos do trabalho com a monografia é exercitar a organização de informações e o senso crítico na escolha das fontes. São muitas as fontes de pesquisa disponíveis on line e, é preciso poder encontrar novamente os materiais relevantes que ajudem a construir idéias sobre determinados temas.<br />A internet oferece uma forma de fazer isso, através de uma ferramenta de links favoritos online. Por estar disponível na web, essa ferramenta permite que você possa acessar os links de qualquer computador, dessa maneira você não ficará sem o material necessário caso seu computador quebre ou você não possa acessá-lo. Além disso, ficam registrados os endereços que você precisará acrescentar a bibliografia da sua monografia.<br />No exercício da monografia, cada aluno deverá criar uma página de favoritos no <a href="http://delicious.com/">Delicious</a>, cada link guardado deverá receber palavras chave dos temas das monografias: comunismo, mitologia, Grandes Navegações, etc.<br />Usar o Delicious é simples, mas caso vocês tenham alguma dúvida no cadastro usem <a href="http://www.acessasp.sp.gov.br/cadernos/caderno_10_05.php">esse tutorial</a>.<br />Qualquer dúvida é só me procurar durante as aulas.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8365689402634262245.post-47958454108198826502010-05-11T16:06:00.002-03:002010-05-11T16:36:49.586-03:00Reinos AfricanosAlunos,<br />Seguem esses vídeos para ajudarem no trabalho com mapas.<br /><br /><object height="364" width="445"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/v6M9Ubv45m8&hl=pt_BR&fs=1&border=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/v6M9Ubv45m8&hl=pt_BR&fs=1&border=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="445" height="364"></embed></object><br /><br /><br /><object height="364" width="445"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/tvn0ZKsNOPA&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x006699&color2=0x54abd6&border=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/tvn0ZKsNOPA&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x006699&color2=0x54abd6&border=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="445" height="364"></embed></object>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8365689402634262245.post-76369868336526747652010-04-26T16:12:00.005-03:002010-09-07T16:36:05.144-03:00Atividades: Riquezas Coloniais<p> </p><p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgin3nodzzTTeHNb1paXs41n8vUNcCB7HF0JBdtCYbPVvK-2qPJszIDSdSl-afqF669EqUVbXzB98wXZ1CLIF9w7OqA330-kL2at6p4xTkCPZrQ8U_Tk3MxuHmd4dvJSewNc0Vwz6zzX0/s1600/image0.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5464526808725252194" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 213px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgin3nodzzTTeHNb1paXs41n8vUNcCB7HF0JBdtCYbPVvK-2qPJszIDSdSl-afqF669EqUVbXzB98wXZ1CLIF9w7OqA330-kL2at6p4xTkCPZrQ8U_Tk3MxuHmd4dvJSewNc0Vwz6zzX0/s320/image0.JPG" border="0" /></a><br /></p><p></p><p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7vIH_qupY9buh8SEswW_P6Kta7P2yQjRYQUMcPanIVAOsYWRYBFDooC3DpA02T48eu-CDXZKeXz-I368R0-K2r1e_OXV6s2SQDcToYMUIvq_NfdUXFuwCRdS5uva23CuFUcFM3pNwvlE/s1600/mapa+teste.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5464526817858277538" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 266px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7vIH_qupY9buh8SEswW_P6Kta7P2yQjRYQUMcPanIVAOsYWRYBFDooC3DpA02T48eu-CDXZKeXz-I368R0-K2r1e_OXV6s2SQDcToYMUIvq_NfdUXFuwCRdS5uva23CuFUcFM3pNwvlE/s320/mapa+teste.JPG" border="0" /></a></p><p>Exercício retirado do livro: História temática: Diversidade cultural e conflitos, de Cabrini, Catelli e Montellato. Ed. Scipione. </p><p>Observe os mapas e faça o que se pede:</p><p>1- Compare o mapa do século XVI com um mapa político atual do Brasil. Em que estados atuais se localizam as cidades e vilas que aparecem no mapa referente ao primeiro século de colonização do Brasil?</p><p>2-Compare os três mapas e identifique as transformações ocorridas do século XVI ao século XVIII. Faça um pequeno texto descrevendo-as</p><p>3-Levante uma hipótese sobre a maneira como se organizavam a ocupação e o povoamento do Brasil durante a colonização portuguesa. É possivel dizer que a distribuição demográfica do Brasil atual tem relação com esse modo de ocupação nos séculos passados?Argumente sobre sua hipótese.</p><p>4-Explique em que medida a povoação e a ocupação relacionaram-se com o desenvolvimento de algumas atividades econômicas.</p><p>5- Façam painéis ilustrando os diferentes ciclos economicos do Brasil colonial</p>Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8365689402634262245.post-60658045220693372842010-04-16T09:44:00.000-03:002010-04-16T09:46:30.468-03:00Abolição e imigraçãoA Abolição do Tráfico:<br />O fim da escravatura começou quando, em 1850, o parlamento aprovou a lei Eusébio de Queiroz que encerrou de vez o tráfico de escravos para o Brasil.<br /> Desde 1808, que os ingleses não mais traficavam escravos para suas colônias. Em seguida, chegou a vez de eles pressionarem o governo brasileiro para que ele também acabasse com o tráfico. Mas por que os ingleses queriam tanto o fim do tráfico negreiro da África para o Brasil? Vários motivos podem ser apontados e nós já vimos alguns deles: o imperialismo inglês que naquela época estava fundando várias colônias na África e não queriam que a mão-de-obra africana fosse embora para o Brasil; eles acreditavam que com o fim da escravidão o trabalho aos poucos iria sendo substituído pelo trabalho livre, o que acarretaria a ampliação do mercado consumidor.<br /> Em 1844 foi criada no Brasil, a Tarifa Alves Branco:maiores impostos alfandegários(isso tem relação com o processo de industrialização promovido por Mauá). Maiores taxas, menores importações. Os ingleses ficaram ofendidos com essa medida do governo brasileiro e deram o troco, criaram em 1845 o Bill Aberdeen, que era uma lei que determinava que agora os navios de guerra ingleses atacariam todos os barcos negreiros que encontrassem no meio do oceano. Ou seja o tráfico deveria acabar de um jeito ou de outro, afinal os ingleses eram donos da maior marinha do mundo. A ousadia dos ingleses foi tamanha que eles não hesitaram em trocar tiros com o forte Panaraguá(que fica no Paraná).<br /> O Brasil não tinha interesse em perder o apoio de Londres e por causa disso criou em 1850 a Lei Eusébio de Queiroz.<br /> Os fazendeiros brasileiros teriam que se contentar com os escravos que já existiam por aqui, com isso teve início o tráfico interprovincial: os escravos do Nordeste eram vendidos para as áreas cafeicultoras do Sudeste. <br /> Mas a mão-de-obra escrava não era suficiente para abastecer as fazendas de café, só havia uma solução: trazer imigrantes!-Como você pôde perceber a escravidão estava com seus dias contados.<br /><br />A emigração estrangeira:<br />Emigrantes não eram novidade no Brasil, desde o tempo de D. Pedro I, por sugestão de José Bonifácio, colonos alemães se instalaram no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, a partir de 1870 chegaram também muitos italianos. Esses imigrantes italianos e alemães ganharam pedaços de terra e se tornaram pequenos e médios fazendeiros. No sul, foi a única área do Brasil em que ocorreu uma razoável distribuição de terras, o resultado é que ainda hoje essas áreas, mantêm um padrão de vida melhor que a média brasileira.<br />Parceria e Colonato: Trabalho sim, terra não.<br />Quando os primeiros imigrantes alemães e suíços foram empregados nas fazendas de café eles pareciam uma boa solução para resolver o problema da mão-de-obra. Porém, uma questão preocupava os fazendeiros brasileiros: em um país com tanta terra disponível como manter os trabalhadores livres no trabalho das fazendas? Eles poderiam abandonar o emprego para fazer o próprio sítio em terras inexploradas.<br /> Inicialmente os fazendeiros adotaram o sistema de parceria. O fazendeiro cedia um pedaço de terra para o imigrante cuidar do café. Depois, dividiam os resultados líquidos da venda. O problema era que os parceiros já chegavam na fazenda devendo dinheiro para o fazendeiro: a passagem de navio, a comida (adquirida a preços bem altos no armazém da fazenda), o barracão onde moravam, as ferramentas, o aluguel das casas. Eles só não pagavam pelo ar que respiravam....<br /> Na hora de receber os ganhos da venda de café os parceiros eram descontados. Além disso, o fazendeiro sempre vinha com uma série de contas esquisitas que sempre o beneficiava. No fim sobrava muito pouco para o imigrante, era quase como trabalhar de graça. Essa situação acabou gerando revolta em algumas fazendas. Tanto que o governo da Prússia passou a proibir a vinda de imigrantes alemães para o Brasil. Em 1860 o sistema de parceria já não era quase mais adotado. <br /> Em 1871 o governo paulista chegou a conclusão que precisava financiar a vinda dos imigrantes(isso era um belo incentivo porque os trabalhadores não chegavam endividados com os fazendeiros). Folhetos eram distribuídos em vários idiomas e espalhados pela Europa: descreviam o Brasil como um paraíso. A propaganda deu certo e em 1885 entraram cerca de 5 mil italianos em São Paulo, três anos depois chegaram mais 80 mil. Agora havia um novo sistema de trabalho nas fazendas: o colonato.<br /> Segundo esse sistema as famílias de imigrantes recebiam parte do cafezal para cuidar, uma das vantagens era que os pés de café eram de boa qualidade e de alta produtividade, ao contrário dos tempos da parceria. O pagamento vinha em duas partes: a primeira, uma quantidade anual, fixa, uma espécie de salário para cuidar do cafezal. Isso garantia que mesmo que a produção fosse destruída por praga, geada ou seca o trabalhador iria receber. A segunda parte era o pagamento pelo resultado da tarefa, ou seja pela quantidade de café colhido. Ao contrário da parceria onde havia divisão dos lucros(ou prejuízos), no colonato o fazendeiro pagava pelo café entregue pronto.<br /> Além disso, o colonato garantia que o trabalhador tivesse outras fontes de sobrevivência. Ele poderia plantar alimentos ou criar porcos e galinhas para garantir a subsistência e uma pequena fonte de renda.<br /> Abolição: defensores e opositores<br /> Por volta de 1875, o café representava 61% do valor total das exportações brasileiras. Os cafezais do Vale do Paraíba apesar de apresentar sinais de esgotamento ainda sustentavam a riqueza dos seus proprietários e concentravam a maior parte dos escravos do país. Os cafeicultores do Rio de Janeiro, Minas Gerais e parte de São Paulo, grandes defensores da escravidão argumentavam que ela era um mal necessário e que seu fim traria a ruína econômica e a desordem do país.<br /> No Norte e Nordeste a situação era outra. Com a queda das exportações do açúcar e do algodão, os fazendeiros venderam parte de seus escravos para o sudeste. Uma grande seca em 1877 e em 1880 agravou as dificuldades. Com poucos cativos, os fazendeiros do Norte e Nordeste acabaram por liberar seus escravos antes do governo imperial.A intensificação da campanha abolicionista levou os cafeicultores a aceitarem o fim gradual da escravidão e com indenização aos proprietários. Este foi o sentido da Lei do Ventre Livre de 1871. Ela estabelecia a liberdade aos filhos recém-nascidos de escravas, os quais ficariam com as mães até os oito anos; depois seu dono optava por liberta-lo(mediante indenização) ou podia utilizar seus serviços até os 21 anos. Na prática, a lei nada mudava, da mesma forma que a lei dos Sexagenários, de 1885, que libertava os escravos maiores de 65 anos, ela pouco significou, pois eram raros os escravos que chegavam a essa idade.<br /> Os abolicionistas continuaram defendendo sua causa por meio de jornais, comícios, reuniões públicas, agremiações e livros. Entre seus principais expoentes estão José do Patrocínio, Luís Gama,Rui Barbosa, André Rebouças, Castro Alves e Joaquim Nabuco. Jovens abolicionistas de São Paulo organizavam fugas de escravos dando-lhes proteção e esconderijo seguro.<br /> Em 1888 quando foi assinada a Lei Áurea que extinguia a escravidão só restavam 700 mil escravos no país, cerca de 4% de uma população total de 15 milhões de pessoas.<br /> A abolição foi um dos principais fatores da queda da monarquia, sentindo-se prejudicados os cafeicultores escravistas se voltaram contra o governo imperial, que foi derrubado no ano seguinte.Unknownnoreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-8365689402634262245.post-35678741303200664262010-04-13T17:16:00.002-03:002010-04-13T19:11:57.375-03:00Videos: Homem Pré histórico<object width="560" height="340"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/JxUroniMIO8&hl=pt_BR&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/JxUroniMIO8&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="560" height="340"></embed></object><br /><br /><object width="560" height="340"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/ZcwjSPxINvY&hl=pt_BR&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/ZcwjSPxINvY&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="560" height="340"></embed></object>Unknownnoreply@blogger.com0