terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Ação sobre as populações indígenas

Trechos de textos sobre a ação dos colonizadores europeus sobre as populações indígenas

“(...)Porque a principal causa que me moveu a mandar povoar as ditas terras do Brasil, foi para que a gente dela se convertesse à nossa santa fé católica, vos encomendo muito que pratiques com os ditos capitães e oficiais a melhor maneira que para isso se pode ter; e de minha parte lhe direi que lhes agradecerei muito terem especial cuidado de os provocar a serem cristãos: e, para eles mais folgarem de o ser, tratem bem todos os que forem de paz, e os favoreçam sempre, e não consintam que lhes seja feita opressão nem agravo algum(D. João III,1549)


“(...)Esse gentio é de qualidade que não se quer por bem, senão por temor e sujeição, como se tem experimentado e por isso se S.A os quer ver todos convertidos mande-os sujeitar e deve fazer estender os cristãos pela terra dentro e repartir-lhes o serviço dos índios àqueles que os ajudarem a conquistar e senhorear em outras partes de terras novas(...)
A lei, que lhes hão de dar, é defender-lhes comer carne humana e guerrear sem licença do governador; fazer-lhes ter uma só mulher, vestirem-se pois têm muito algodão, ao menos depois de cristãos, tirar-lhes os feiticeiros, manter-lhes em justiça entre si e para com os cristãos; faze-los viver quietos sem se mudarem para outra parte, se não for para entre cristãos, tendo terras repartidas que lhes bastem e com estes padres da Companhia para os doutrinarem(...)”.(NOBREGA,Manuel de. Cartas do Brasil ao Padre Miguel de Torres, 8 de maio de 1558, p280)


“Em 20 de março de 1570 tinha sido promulgada em Portugal uma lei proibindo o cativeiro dos índios(...)com exceção dos que fossem tomados em justa guerra(...)”(J. Mendes Jr, Os indígenas do Brasil.p 29)


Na aldeia, eu destruí e matei todos os que quiseram resistir, e na vinda vim queimando e destruindo todas as aldeias que ficaram atrás, e por se o gentio ajuntar e me vir seguindo ao longo da praia, lhe fiz algumas ciladas e lhes foi forçado deitarem-se a nado ao mar costa brava(...)Nenhum Tupiniquim ficou vivo, e todos os trouxeram à terra e os puseram ao longo da praia, por ordem que tomavam os corpos perto de uma légua.(Mem de Sá, 1570. Citado por Ribeiro, Darcy; MOREIRA NETO,Carlos de Araújo. A fundação do Brasil. Petrópolis: Vozes,1992.p179)

“De 1554 a 1567 os indígenas do tronco tupi, de várias regiões do litoral sudeste da colônia(Rio de Janeiro, Angra dos Reis e Ubatuba) e os não tupi, como os Goitacá e os Aimoré, habitantes do interior, junto da Serra do Mar, aliaram-se para combater a escravidão imposta pelos portugueses, entre João Ramalho e Brás Cubas, esse último governador da capitania de São Vicente.
Essa aliança dos nativos(...)foi chamada de Confederação dos Tamuya, que, em Tupinambá, significa ‘o mais velho’, pois a primeira reunião ocorreu entre os chefes dessas nações. De um lado, os Tamoios contaram com o apoio dos franceses, que tinham o interesse em combater os portugueses, uma vez que desejavam explorar o pau-brasil e instalar uma colônia no litoral. Do outro, os portugueses se aliaram às nações Guaimá, Temiminó e Carijó para combater os Tamoio.

Os Tamoio venceram várias batalhas, chegaram a tomar a capitania do Espírito Santo e a ameaçar a de São Paulo. Mas foram vencido na aldeia de Uruçumirim (atualmente Rio de Janeiro),onde foram mortos pelas tropas portuguesas e seus aliados indígenas.” (J. Mendes Jr, Os indígenas do Brasil.p 29)




O jesuíta José de Anchieta, catequista, poeta e dramaturgo, refletindo o pensamento da época, escreveu um poema de 3.554 versos, em latim, louvando as façanhas guerreiras de Mem de Sá:

“Triunfadores meus, diz o chefe, vossa espada valente, armas e destras estão tintas ainda do sangue maldito, sem tardar, lancemo-nos contra o inimigo vencido, enquanto abate o terror das últimas duas batalhas. Vedes quantos aí prostados a gemer moribundos, quantos outros na fuga receberam mortais ferimentos. Ou exterminar de uma vez essa raça felina com a ajuda de Deus, ou selpultar-nos na areia gloriosamente(...)
Quantos estragos não causou então o Braço valente do jovem chefe! Quantos corpos de guerreiros ferozes arremessou à morte, tomando vingança no sangue inimigo.”(ANCHIETA, José de; CARDOSO,Armando (trad). De Gestis Mendi Saa,1560. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional,1958)

“Finalmente outros indígenas resistiram com armas ás mãos, realizando um levante, sendo o mais importante deles o de 1562, quando atacaram a vila e o colégio de São Paulo.
A vila nascente só não foi destruída, graças à delação do líder Tibiriçá que permitiu a chegada de Brás Cubas e de outros moradores de Santos, que vieram em socorro do planalto.
Depois desses ataques, em que os insurgentes foram derrotados, as crônicas registram levantes armados no final do século XVIM em 1590, atingindo, sobretudo expedições escravistas(...)
Nesse mesmo ano houve um ataque a fazendas paulistas e à missão de Nossa Senhora da Conceição de Pinheiroa(...)
No ano seguinte, os moradores de São Paulo foram novamente atingidos. De retorno do médio Tietê, uma expedição escravista foi atacada perto de Santana do Parnaíba. A partir daí a repressão paulista fechou o cerco contra os Tupiniquins rebeldes.(...).”(BUENO,Eduardo. Os nascimentos de São Paulo. Ediouro 2004,p 75).

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